O Sindicato Rural de Canarana conseguiu pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o registro das variedades de gergelim Trebol e K3. A entidade sindical passa a ser detentora das variedades, possibilitando assim parcerias e investimentos para a purificação das sementes.
O município de Canarana, localizado a 838 Km da capital mato-grossense, é responsável por 90% da produção nacional de gergelim. O grão se tornou uma alternativa de segunda safra após a colheita da soja para os agricultores. São cerca de 200 mil hectares de gergelim plantados na região, sendo 87 mil só em Canarana.
O segundo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Marcos da Rosa, responsável pela iniciativa, explica que o processo de registro está feito, mas as sementes estarão disponíveis para comercialização nos próximos dois anos.
Atualmente são plantadas quatro variedades na região. Entre elas estão a Seda e a Anahi, sementes registradas pela Embrapa e que o produtor recebe a nota fiscal para fazer o plantio para depois exercer o direito de salvar a semente. E as outras duas variedades sem registro, sendo as mais plantadas e atualmente com menos problemas de doença: a K3 e Trebol.
Marcos da Rosa consultou ao Mapa sobre a situação das duas variedades sem registro e verificou que nos anos 90 o processo de registro ficou estagnado, não houve mais interesse. “Sendo assim, como já estávamos cultivando essas duas variedades, sementes crioulas sem origem, estudamos a possibilidade de registrá-las”, explicou.
Diante da necessidade de manter a produção das duas variedades (K3 e Trebol) e garantir a segurança do agricultor, Marcos da Rosa foi ao Ministério da Agricultura explicar a situação. O Mapa orientou sobre a possibilidade de registrar as variedades das sementes em um CNPJ, que no caso foi o do Sindicato Rural de Canarana. Vale destacar que desde o início de todo este trâmite, o Instituto Mato-grossense do Algodão (Ima), em parceria com o sindicato, está fazendo as pesquisas e a purificação varietal.
“Pelo grande volume plantado ainda teremos a necessidade de seguirmos plantando sem a origem. Contudo, estamos fazendo um bom trabalho junto com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), mantendo diálogo com os técnicos que entenderam essa necessidade”, explicou.
Para Marcos da Rosa, que também é produtor de gergelim, o registro das duas variedades trará segurança ao produtor rural e ao setor produtivo do médio Araguaia.
O gergelim é uma opção a mais para segunda safra e pode ser plantado depois da janela ideal do milho, que é até 20 de fevereiro. É uma cultura que exige menos água e também é considerada uma boa opção de rentabilidade para o produtor.