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05/08/20 às 19:44

Investimentos em infraestrutura fomemtam otimismo no empresariado

Obras grandiosas priorizadas na matriz do escoamento se unem à incorporação de novas tecnologias, essenciais à competitividade nos negócios

Natália Leão

AguaBoaNews

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Investimentos em infraestrutura fomemtam otimismo no empresariado

Foto: Assessoria

A mudança de perspectivas para a logística no Brasil, que já havia ganhado destaque na agenda das ações governamentais nos últimos dois anos, agora ganha novos contornos ante os efeitos da pandemia na economia. A capacidade de rápida adaptação aos desafios do mercado, com foco em excelência em toda a cadeia de produção, estimula a potencialização de investimentos por parte de grandes empresas e a retomada de obras paralisadas. Cenário encorajador: juntos, setor público e privado, deverão injetar R$ 4,5 bilhões na infraestrutura logística brasileira ainda em 2020.

O montante engloba grandes projetos como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e a Ferrogrão, caminhos para maior competitividade logística e melhor integração de Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, aos corredores de escoamento nacionais. O potencial logístico a ser desenvolvido é um desafio para o setor econômico brasileiro, que ainda tem muito a investir em diversificação dos modais. Tema essencial à eficiência nacional, debatido com consistência por um time de especialistas reunidos em novo webinar realizado pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia, sob o tema “A Expertise de Notáveis da Logística – Visão Atual e Tendências”.

Os investimentos em curso por parte do governo federal, novos leilões e as possibilidades de renovação de concessões, novos projetos em direção à apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU) compõem um cenário de curto e médio prazo otimista, na visão de executivos da área.

O evento on-line, aberto ao público, contou com a participação de José Vitor Mamede, sócio-diretor da JVM Consultoria Empresarial, que reforçou a necessidade de uma mudança abrupta na condução de grandes empreendimentos no âmbito regulatório. O especialista também chama a atenção a problemáticas envolvendo dificuldades no licenciamento ambiental de projetos e a judicialização de obras, fatores a amplificar a matriz de riscos analisada por investidores.  

“Os custos logísticos ainda são muito elevados e o fato de a cadeia produtiva do país ser escoada quase que exclusivamente por rodovias, sendo que dos 17 mil quilômetros apenas 12% são pavimentados, revela o tamanho dos desafios do setor”. Mamede ressalta ainda que a mudança na matriz da malha ferroviária brasileira, com a incorporação do chamado Arco-Norte como vetor de investimentos, é um projeto lançado em 2011, mas que acabou estagnado por questões regulatórias. “É preciso mudar a forma de conduzir esses processos e destacar o portifólio de projetos aos investidores nacionais e estrangeiros e, com isso, trazer melhorias para esse cenário.”

José Geraldo Vantine, CEO da Vantine Logistics Consulting, avalia que o fundamental neste momento é revisitar os desafios conceituais da logística, a capilaridade dos modais e a cadeia de valor do setor. O executivo defende um olhar abrangente e multi setorial, uma vez que a logística empresarial não é uma ciência única, mas uma junção de teorias de marketing, engenharia de produção, administração e tecnologia, realçando a complexidade da infraestrutura almejada por diferentes organizações.

“O transporte é um dos pontos operacionais. Como pensar na parte final da cadeia, com estratégias digitais, softwares de alta tecnologia, se ainda vivenciamos a realidade de um transporte deficitário? Não ter meios adequados de escoamento impactam diretamente no viés financeiro e em outro desafio da logística empresarial: a capilaridade da entrega com o aumento da gama de possibilidades de atendimento abarcada pela indústria, cliente e varejo”, pondera Vantine.

A opinião é partilhada por Gustavo Saraiva, CIO da Luft Logistics, que encara a tecnologia em logística como estratégia principal no processo de efetivação das mudanças na área. “A logística precisa se remodelar. Fala-se muito em revolução 4.0, mas é preciso mencionar que as tecnologias já fazem parte da cadeia produtiva. O que se precisa agora é fazer uma verdadeira mudança de mindset, mudança cultural com foco tecnológico, em que se pense estratégias de impacto no custo operacional no lugar do preço para o negócio”.

Otimista quando os assuntos em pauta são tecnologia e sistemas, Saraiva acredita que, reconhecendo a importância inicial de organização e gestão, o Brasil tem potencial para desenvolver novas plataformas digitais. Ponto para disrupções e inovação. “A Luft foi uma das primeiras a implementar tecnologias no sistema de armazenagem, de forma que se otimizasse e consolidasse o processo com eficiência. O foco foi possibilitar ao cliente a percepção do processo como um todo, mostrar a importância da logística com tecnologia aplicada à sua linha de negócio”.

Nas palavras dos profissionais que interagiram no webinar, os desafios da logística e infraestrutura são muitos, assim como as expectativas de mudanças do mundo e dos negócios no pós-pandemia. As restrições impostas pelo novo coronavírus também podem ser consideradas grandes aceleradores tecnológicas, forçando empresas a se reinventarem e incorporarem novas dinâmicas, processos e ferramentas digitais.

Websérie - O 18º webinar realizado pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia contou com a mediação do presidente da Dex Soluções Logísticas, Roberto Dexheimer. O conteúdo completo já está disponível para acesso no canal da organização no YouTube. O evento online acontece às terças-feiras, a partir das 17h (horário de Brasília), aberto ao público. Para saber mais sobre a programação de debates, acompanhe os perfis do instituto no LinkedIn e Facebook.

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