Criada em 2013 com o objetivo de ordenar o abastecimento de gêneros alimentícios produzidos no Estado de Mato Grosso, em especial os oriundos da agricultura familiar, a Central de Abastecimento de Mato Grosso (Ceasa/MT) pode estar no meio de um escândalo de beneficiamento ilícito e corrupção envolvendo ex-secretários do governo Silval Barbosa (PMDB). A denúncia foi apresentada no plenário da Assembleia Legislativa, pelo deputado Dilmar Dal’ Bosco (DEM).
A ilicitude, de acordo com o parlamentar, teve início na criação dessa Empresa de Economia Mista, quando, ao invés de procurar investidores fortes do mercado agropecuário, o então governador usou membros do alto escalão como acionistas da empresa, que iniciou suas operações com capital social autorizado de R$ 20 milhões. Para sua concepção, o Governo de Mato Grosso integralizou R$ 13.500 de capital inicial , tendo também como acionistas o ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Meraldo de Sá com investimento de R$ 200, o então presidente do Ceasa, Baltazar Ulrich com R$ 700, o ex-secretário Executivo do Núcleo Agropecuário, da Casa Civil, José Alexandre Golemo, com R$ 200, o ex-assessor de gestão da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec), Paulo Ernesto Kluge, com R$200 e o ex-assessor da Casa Civil, Manuel Gomes da Silva, também com capital de R$ 200.
As irregularidades não se encerram por aí. Antes de encerrar o governo, no dia 18 de dezembro de 2014, o então presidente Baltazar Ulrich, convocou uma assembleia geral extraordinária alterando o capital social da empresa de ações ordinárias normativas, de R$ 20 milhões para R$ 50 milhões.
Na mesma reunião, a quota dos sócios minoritários teve um aumento considerável, pois foi aprovada a subscrição de seis mil e quatrocentas ações ordinárias nominativas divididas proporcionalmente entre Baltazar, José Alexandre, Paulo Ernesto e Manuel Gomes.“Essas pessoas investiram duzentos reais e, do dia para noite, tornaram-se milionárias. O Ceasa foi criado com objetivo de distribuir a produção agropecuária mato-grossense, já que hoje, 80% do que consumimos é adquirido de outros estados. Ao invés disso ela se tornou mais uma fonte de sujeira e corrupção. Por que nenhuma empresa ou produtor rural foi convidado a capitalizar? Porque triplicar o capital inicial as véspera de encerrar o mandato? O povo de Mato Grosso precisa de respostas”, cobrou Dilmar.
O parlamentar ressaltou que, apesar de possuir um sede administrativa ‘suntuosa’ na região central de Cuiabá, o Ceasa de Mato Grosso ainda não possui uma sede física para distribuição e abastecimento da produção agrícola de Mato Grosso.
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