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29/09/19 às 15:50

Cuiabá - Na equoterapia, cavalos são treinados para ajudar crianças e adultos

Flávio Coelho, TV Centro América

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Cuiabá - Na equoterapia, cavalos são treinados para ajudar crianças e adultos

Criança diagnosticada com autismo apresenta melhora com equoterapia em MT

Foto: TVCA/Reprodução

Os primeiros raios de sol já indicam que é hora de preparar uma sala de aula um pouco diferente. Os alunos de equoterapia aguardam ansiosos pela aula. É um método educacional, que utiliza o cavalo como um mecanismo para o desenvolvimento psicológico, do equilíbrio e da coordenação motora. Não existe uma raça de cavalo específica para esse tipo de atividade, mas algumas características devem ser levadas em consideração.
 
“Os animais, para entrarem nos atendimentos, a gente primeiro analisa a índole e as passadas deles. Após essa análise, é feito um teste que dura cerca de dez dias e o animal passa por um treinamento. Assim que ele passa por esse treinamento, ele é inserido no tratamento da equoterapia. Hoje a gente utiliza mais a raça quarto de milha. A gente, por ser criador dessa raça, começou esse projeto há uns 10 anos e, desde então, a gente vem usando o quarto de milha, grande parte deles puros”, explica o veterinário Carlos Eduardo Póvoas.
 
O animal da raça quarto de milha tem o temperamento ideal para a lida com a equoterapia, ou seja, ele se adapta facilmente aos ensinamentos para receber o paciente, que nesse caso é chamado de participante. Uma das alunas faz sessões de equoterapia desde os 3 anos de idade. As aulas são para ajudar na fala e no equilíbrio emocional. A menina foi diagnosticada com autismo.
 
Conforme a mãe da menina, Amanda Vieira, corretora de imóveis, a filha tinha crises de raiva constantemente.
 
“Ela tinha crises de raiva, de não aceitação, de socialização e tinha problemas de fala e de foco. Hoje ela apresenta uma melhora na fala, no comportamento, na comunicação com outras crianças.
Eu digo que é graças à equoterapia, porque é onde ela interage, onde ela é forçada, onde os profissionais fazem ela interagir. Ela dá banho no cavalo. Tem esse carinho. Tem esse contato.
 
Quando ela começou, ela não tinha, ela nem falava. Hoje em dia, ela já fala, ela já brinca, já aceita o não. As crises dela de raiva são mínimas. Então eu acho que a equoterapia fez parte e está fazendo parte da melhoria dela na área que ela precisa, que é da interatividade, no psicológico dela, então tudo isso ajuda”, diz a mãe.
 
O cavalo é considerado um animal de fácil adaptação e ensinamento. Ele aprende rápido e também consegue ter uma ligação com o paciente.
 
A fisioterapeuta Taiani Caldeira do Amaral ressalta que o cavalo é um animal muito inteligente.
 
“É a inteligência do cavalo que permite com que ele possa ser treinado. O cavalo tem uma troca muito grande com todos os praticantes. Ele sente se o praticante está alegre, se o praticante está triste e ele vai fazendo toda essa intermediação. Então ele se torna um facilitador do nosso trabalho. É muito gratificante trabalhar com equoterapia e ver o vínculo do praticante com o cavalo. É um vínculo de amor, é um vínculo de troca muito grande entre os dois”, diz ela.
 
A interação do cavalo com o praticante gera uma relação de confiança fazendo com que um dependa do outro.
 
“Todos os cavalos de equoterapia são treinados. Nós treinamos ele para ter uma segurança com a criança ou com o nosso praticante. Todas as atividades que nós vamos fazer com o praticante, nós treinamos com ele primeiro. Nós treinamos ele para entrar na rampa, porque já é uma coisa diferente. Normalmente a pessoa monta no cavalo, na equoterapia, ela sobe a rampa pra montar. Então ele tem que estar adaptado à rampa, ele tem que estar adaptado às atividades lúdicas, aos chuveiros, a barulho. Então nós treinamos eles fazendo bastante barulho. Nós treinamos a parte de sensibilidade do cavalo. Nós treinamos alguns vícios do animal e para que ele não se assuste. Então nós passamos as coisas com ele com o olho tampado pra que ele não se assuste facilmente na equoterapia”, explica Taiani.
 
Na alimentação, os cuidados físicos do animal são parte importante do tratamento de equoterapia. Os cavalos precisam estar bem para terem bom desempenho. A alimentação é feita ainda pela manhã. São 2,5 kg pela manhã de concentrado. Eles também recebem cuidados odontológico. O controle sanitário é feito a cada 60 dias. As vacinas são anualmente. Tudo isso com total atenção e evitando o estresse.
 
“É uma coisa muito engraçada. A conexão que eles têm é ímpar. A gente vê que ela não tem medo. Ela tem medo de gato, de cachorro, de coelho, papagaio, mas cavalo em si ela não tem. O cavalo é tão carinhoso, tão amoroso com a criança, que ele consegue ter uma conexão e isso é muito difícil para quem tem autismo e a gente vê que ela tem esse amor por ele e ele tem por ela. Então é muito bom. É impressionante a gente falar. A gente sente um certo orgulho dela estar assim e um agradecimento muito grande aos profissionais e ao animal.

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