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20/05/19 às 22:42 / Atualizada: 20/05/19 às 22:54

Canarana - Conta não fecha e agricultores freiam compra de insumos

Luiz Patroni, Canal Rural

AguaBoaNews

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Canarana - Conta não fecha e agricultores freiam compra de insumos

Foto: Divulgação

Faltam pouco mais de quatro meses para o início do plantio da safra 2019/20 de soja, e as incertezas no mercado do grão preocupam os agricultores de Mato Grosso. Na região leste do estado, onde normalmente os insumos já chegam mais caros por conta da logística problemática, tem agricultor que ainda não comprou nenhum dos insumos que vai precisar para o cultivo da lavoura.

É o caso do produtor Odair Sangaletti, do município de Canarana. Ele normalmente adquire os fertilizantes, sementes e defensivos fazendo o chamado barter, operação em que o agricultor paga pelos insumos com a entrega do grão no pós-colheita, ou seja, usando como moeda a soja que irá colher no futuro. No entanto, Sangaletti fez as contas e conferiu que a relação de troca não está compensando.Para tentar viabilizar a compra, pretende buscar financiamento junto às linhas de crédito oficiais, mesmo que ainda tenha que esperar mais um tempo para acessá-las.

Esta relação desfavorável é confirmada pelo Imea. Nesta mesma época do ano passado, os produtor de Mato Grosso precisava de 25 a 26 sacas de soja para adquirir os insumos necessários para cultivar 1 hectare do grão. Hoje, são necessárias pelo menos 34 sacas. Vale lembrar que o barter é uma “ferramenta” amplamente usada pelos agricultores do estado na hora custear a compra dos insumos. No último ciclo, por exemplo, representaram nada menos que 49% desta movimentação, segundo o Imea.

Em Água Boa, também no leste do estado, apenas 30% dos produtores já realizaram a compra dos insumos para a nova safra. Nesta mesma época do ano passado cerca de 80% já haviam fechado esta compra. A informação é do Sindicato Rural do município.

Realidade muito parecida com a dos agricultores de Nova Xavantina. Por lá, cerca de 80% dos produtores ainda não efetuaram a compra dos insumos. Para o presidente do Sindicato Rural do município, Endrigo Dalcin, o custo elevado dos fertilizantes para a safra de soja, tem desanimado o agricultor. Diferente dos anos anteriores (quando no mesmo período deste ano, os produtores da região estavam com pelo menos 50% dos defensivos e fertilizantes comprados), desta vez muitos agricultores ainda não deram início à compra de insumos. O cenário é preocupante já que, segundo ele, obriga o agricultor a obter gestão cada vez mais eficiente – e produtividades elevadas – para “conseguir sobreviver nesses anos de custos mais altos”.

O Conselho Estadual das Associações de Revendas de Produtos Agropecuários de Mato Grosso (Cearpa-MT) confirma o ritmo mais lento este ano, especialmente no que diz respeito à compra de defensivos. Segundo o Cearpa, normalmente nesta época do ano, entre 80% e 85% dos agroquímicos já deveriam estar vendidos. Entretanto, as vendas atualmente giram em torno de 50% a 55% do total previsto. A grande preocupação do Cerpa e também da Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), é com a relação de troca: quem deixou para comprar os insumos mais tarde se vê diante de um cenário preocupante.

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