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10/10/15 às 09:53 / Atualizada: 10/10/15 às 10:19

Estrela do Norte (GO): Viúva não crê que ex-prefeito morto em motel a traiu: 'Queima de arquivo'

Para empresária, marido sabia de coisas que comprometeriam atual prefeito. Administrador da cidade, irmão e primeira-dama são suspeitos do crime.

Vitor Santana

Do G1 GO

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Estrela do Norte (GO): Viúva não crê que ex-prefeito morto em motel a traiu: 'Queima de arquivo'

Ex-prefeito de Estrela do Norte foi morto a tiros em pátio de motel

Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

A empresária Lucivânia Lúcia de Andrade Nicolau, 43 anos, viúva do ex-prefeito que foi morto em um motel, não acredita que ele estivesse tendo um caso extraconjugal. Para ela, o crime, gravado por câmeras de segurança, tem ligação política, já que o marido iria disputar as próximas eleições municipais, em Estrela do Norte, cidade a 360 km de Goiânia.

“Eu não tenho como provar, mas ele sabia de coisas que poderiam comprometer o atual prefeito. Pode ter sido uma queima de arquivo, porque o meu marido era uma pessoa que ia tomar o poder dele”, disse a reportagem.

O crime aconteceu  no dia 1º de outubro, em Mara Rosa, cidade do norte goiano, que fica a 32 km de Estrela do Norte. O ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho, 45, conhecido como Curica, estava em um motel com a mulher do secretário de Saúde, que é irmão do prefeito Wellington José de Almeida (PMDB).

Imagens registraram o momento em a vítima é cercada por três pessoas e morta a tiros. Segundo a polícia, os suspeitos são o gestor da cidade, o irmão e a primeira-dama. Os três são considerados foragidos da Justiça. A tesoureira do município, Renata Rezende, foi presa suspeita de colaborar para o homicídio.
 
Lucivânia contou que, no dia do crime, Geraldo almoçou em casa, como de costume, e disse que iria trabalhar. Donos de uma fábrica de concreto pré-moldado, eles preparavam uma viagem para o Maranhão, onde atenderiam um cliente.

“Quando foi por volta de umas 16h, eu recebi uma ligação de um irmão falando que tinha acontecido alguma coisa com o Curica. Eu fui até a fábrica e o pessoal disse que ele passou lá, mas nem desceu do carro e foi para outro lugar. Só depois que alguns amigos contaram que ele tinha sido morto”, lembra.

Mesmo o crime tendo acontecido em um motel, a viúva não acredita em traição. “Não sei como conseguiram levar ele até lá, mas, com certeza, foi uma ação para difamar ele, já que ele ia concorrer a prefeito. Só que ele era muito enérgico, então, reagiu, as coisas saíram do controle e ele foi morto”, supõe Lucivânia.

Para a viúva, além não acreditar na traição, crê que a mulher do secretário de Saúde também esteja envolvida na emboscada para matar Geraldo. “Ela era a isca para atrair ele para a emboscada. Ela devia saber de tudo. Só não sei o que ela disse para o levar até lá. Nós tínhamos uma amizade muito grande com ela e com o marido”, disse.

O casal comemoraria bodas de pratas em dezembro deste ano. Geraldo deixou mulher e dois filhos, uma jovem de 21 anos e um adolescente de 16. Diante do crime, toda família está muito abalada. “Tudo isso é muito dolorido. Ele era muito respeitado e falar que ele estava tendo um caso causa muita dor, porque ele está sendo desmoralizado injustamente”, desabafou.
 
Ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho foi morto em pátio de motel de Mara Rosa, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho foi morto em pátio de motel
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

 
Crime
O ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho foi morto no dia 1º de outubro no pátio de um motel em Mara Rosa. Ele estava acompanhado da mulher do secretário municipal de Saúde de Estrela do Norte, que é irmão do atual prefeito.

De acordo com o delegado André Medeiros, a tesoureira da prefeitura, Renata Rezende, foi ao motel antes do crime e avisou à primeira-dama da presença da vítima no local. “Meia hora antes, ela entrou em um HB 20 no motel, parou no quarto ao lado do da vítima, saiu do carro, verificou a presença do casal e saiu para avisar à primeira-dama", disse Medeiros.

Em seguida, conforme o relato da recepcionista do motel, os demais suspeitos se passaram por clientes e entraram no local. De acordo com o delegado, a vítima ficou no quarto de número oito, enquanto os suspeitos, nos quartos seis e sete. “Ela colocou todos um do lado do outro para facilitar na hora da limpeza, mas não sabia o que ia ocorrer”, explicou Medeiros.

A recepcionista explicou que ouviu os tiros 15 minutos após o carro do último suspeito entrar. Em depoimento, a funcionária do motel disse que, assim que os disparos começaram, ela se escondeu na área da administração.

Imagens da câmera de segurança mostram que o ex-prefeito é cercado por três pessoas no pátio do motel. Para o delegado, são dois homens e uma mulher. Geraldo é baleado, tenta correr, mas é atingido por mais disparos. Em seguida, cai no chão. As imagens das câmeras de segurança foram apreendidas pela Polícia Civil.
 
Renata Rezende é suspeita de participar da morte do ex-prefeito de Estrela do Norte, em Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Tesoureira Renata Rezende é suspeita de elo na morte do ex-prefeito
(Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

 
Momentos depois, uma caminhonete Chevrolet S10 apareceu na recepção, e o motorista gritou para que a recepcionista abrisse o portão. “O homem pediu para que ela abrisse logo porque tinha alguém querendo matá-lo. Com medo, ela abriu o portão. Ele pagou e saiu. O outro carro, um Fiat Punto, também pegou e saiu na sequência”, disse Medeiros.

Depois que os veículos saíram, a mulher que estava com a vítima também apareceu diante do portão, pagou pelo quarto e fugiu a pé.

Investigação
O delegado afirma que vários fatores relacionam os suspeitos ao crime. Um deles é que os veículos que estavam no local, um Fiat Punto preto e uma caminhonete Chevrolet S10 branca, pertencem, respectivamente, à primeira-dama e ao irmão do político.

“Quando os policiais viram as imagens, fizeram a descrição física do prefeito. Tem também a coincidência dos veículos e o fato de eles terem sumido da cidade”, aponta Medeiros.

O delegado investiga a motivação do crime. "Tem a questão de a vítima ter uma relação com a cunhada do prefeito ou então questão política porque a pessoa que morreu estava se movimentando para ser candidato a prefeito nas próximas eleições", acredita Medeiros. Geraldo administrou a cidade de 2001 a 2008.

A Polícia Civil pede que a população denuncie qualquer informação sobre o caso pelo telefone 197.

Ver video da reportagem AQUI

 
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