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24/12/18 às 12:29

Rio transbordado desencadeou nascimento da cidade de 'Feliz Natal', em Mato Grosso

Isabela Mercuri, Olhar Conceito

AguaBoaNews

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Rio transbordado desencadeou nascimento da cidade de 'Feliz Natal', em Mato Grosso

Foto: Reprodução / Rede Globo

No interior de Mato Grosso, a cerca de 530 quilômetros de Cuiabá, fica um município muito novo: Feliz Natal. A cidade, que chama atenção pelo nome e atrai ainda mais atenções no final de ano, surgiu de forma inusitada e, até hoje, vivem lá alguns de seus pioneiros. Seu Natalino Passador, por exemplo, foi um dos primeiros a chegar. Ele não estava lá na noite em que os primeiros habitantes passaram, mas sabe bem o que aconteceu.

“Começou em um dia de Natal. Uma família foi passar na água, e não conseguiu subir. Pousaram duas noites lá, também na noite de Natal, e foram embora. Eles deixaram uma placa escrito ‘Feliz Natal’. E foi assim que começou”, contou ao Olhar Conceito.

Seu Natalino e Dona Tereza (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo o imortal da Academia Mato-Grossense de Letras João Carlos Vicente Ferreira, o ocorrido se deu em 1978. “No alvorecer do ano de 1.978, vários empresários do ramo madeireiro, a grande maioria da cidade de Sinop, deslocaram-se para a região do Rio Ferro, em face da abundância de madeiras ainda inexploradas e a fertilidade do solo daquele local. 

Paralelamente á exploração de madeiras, outros empresários agropecuários investiam maciçamente na região, dentre estes a Agropecuária Cônsul S/A, Luiz Vicentini (Fazenda Bandeirantes), Flávio Turquino (Fazenda Uirapuru), Nova Aliança S/A Agropecuária, Nelson Tarnoski entre outros”, afirmou, em artigo publicado em 2017.

Os empresários decidiram voltar para Sinop para passar a noite de Natal com seus familiares, mas encontraram um riacho transbordando no entardecer do dia 23 de dezembro, e ficaram presos. Tiveram que passar a ‘Noite Feliz’ por ali, e provavelmente foram eles que deixaram a plaquinha de ‘Feliz Natal’ que Natalino se recorda.

 Feliz Natal (Foto: TV Globo)

Foi em 1980 que Natalino chegou ao vilarejo. Na época, ainda não era uma cidade. “Eu vim pra cá porque queria mexer com madeira. Depois a madeira acabou e começamos a plantar roça e soja”, lembra. Ele e a esposa, Tereza Passador, foram já com os filhos, e os dias não foram nada fáceis.

“Gosto daqui, lugar bom pra plantar, pra colher e pra tudo. [Mas] foi penado. Bastante. Saíamos com caminhão daqui pra cidade, e tinha que levar pedra junto pra tampar os buracos com a mão. Tinha que trazer comida de Cuiabá. Levava madeira e trazia comida. A vida foi sofrida, não foi fácil”, relembra. “Moro aqui há todo esse tempo e gosto muito. Criei boi, faço roça e estou velho demais também, hoje estou mais descansando e trabalhando”, brinca.

Seu Natalino tem 88 anos de idade, e há trinta vive
em Feliz Natal, onde nasceram seus netos, bisnetos e tataranetos. Foi sua filha Ninha uma das primeiras pessoas a ter uma vendinha no vilarejo.

Apesar da coincidência, o nome de seu Natalino não
tem nada a ver com o local onde vive. Na realidade, ele nasceu no dia 21 de dezembro, e a proximidade com a festa cristã foi que inspirou seu batismo.

A cidade só foi fundada em 17 de novembro de 1995. Possui uma área total de 11.448,049 km², e, segundo o censo do IBGE de 2010, 10.933 habitantes. Apesar de pequena, os habitantes garantem que, desde 1978, p
or ali, todo dia é dia de Feliz Natal.

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