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19/12/18 às 19:31 / Atualizada: 19/12/18 às 19:46

Goiânia - Após ter câncer de mama, idosa ajuda há quase 20 anos outras mulheres a enfrentarem a doença: 'Luta pela vida'

Corina Bispo integra associação que já auxiliou quase 2 mil pessoas de Goiás e até do Haiti. Ela fabrica tapetes, almofadas e sabão para angariar fundos para a produção de refeições para pacientes.

Paula Resende, G1 GO

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Goiânia - Após ter câncer de mama, idosa ajuda há quase 20 anos outras mulheres a enfrentarem a doença: 'Luta pela vida'

Sede da Apicam, localizada na área do Hospital das Clínicas, em Goiânia, recebe pacientes com câncer que fazem tratamento na unidade

Foto: Vanessa Chaves/ G1

A descoberta de um câncer de mama fez com que Corina de Jesus Bispo iniciasse, há 19 anos, o trabalho voluntário. Com 76 anos de idade, ela cuida quase 24 horas por dia da sede da Associação dos Portadores do Câncer de Mama (Apcam), que já acolheu pacientes até mesmo do Haiti que passam por tratamento em Goiânia. Além das refeições e apoio financeiro, o grupo proporciona esperança e orientação na batalha contra a doença.
 
“A doença me fez trouxe essa missão. Você aprende a dar valor à vida e ajudar na vida dos outros. É uma luta pela vida”, afirma Corina.
 
Natural da Bahia, Corina se mudou aos 29 anos para Goiânia em busca de emprego e nunca mais se mudou de Goiás, onde casou e teve os três filhos.
 
Aos 56 anos, em fevereiro de 1999, ela descobriu o câncer de mama, após a primeira campanha de incentivo à mamografia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). Dois meses depois, em maio, ela retirou o nódulo, começou o tratamento e, paralelamente, o trabalho voluntário na Apcam, que tinha sido fundada em 1999.
 
“Fui muito bem acolhida no hospital. Então pensei 'vou entrar para cuidar dos outros' e nunca mais trabalhei fora daqui, só para Deus, cuidando dos outros”, conta.
 
Corina de Jesus Bispo ajuda mulheres a luta contra o câncer — Foto: Vanessa Chaves/ G1
 
Corina de Jesus Bispo ajuda mulheres a luta contra o câncer — Foto: Vanessa Chaves/ G1
 
Corina fica de segunda a sexta-feira na casa da Apcam, localizada na área do Hospital das Clínicas, na capital e, aos fins de semana, vai para a residência dela, no Setor Colina Azul, em Aparecida de Goiânia, localizada a 30 km da sede da associação.
 
“Só vou para ver os bichos -- tenho cachorro, gato e galinha -- e olhar as plantas. Durante a semana, meu filho cuida”, relata.
 
Refeições e bazar
 
Na casa da Apcam, ela madruga para oferecer café aos pacientes que, muitas vezes, vêm do interior para tratamento na capital sem um real no bolso. Durante o dia, ela e outras voluntárias costuram tapetes, almofadas e colchas de retalho, fabricam sabão caseiro e organizam roupas para o bazar instalado na associação.
 
Roupas e sapatos doados à associação são vendidos por até R$ 5 para arrecadar dinheiro e custear as refeições. A associação também se esforça para ajudar financeiramente pacientes encaminhados pela equipe de assistentes sociais e psicológicas do hospital.
 
“A gente paga passagem de quem é do interior e não tem condição de vir. Pagamos exames que são urgentes, de até R$ 700, e que no hospital não fazem”, detalhou.
 
Associação mantém bazar de roupas e sapatos para arrecadar dinheiro e ajudar pacientes em Goiânia, Goiás — Foto: Vanessa Chaves/ G1
Associação mantém bazar de roupas e sapatos para arrecadar dinheiro e ajudar pacientes em Goiânia, Goiás — Foto: Vanessa Chaves/ G1
 
Apoio emocional e orientação
 
Com o conhecimento que adquiriu sobre a doença, Corina orienta e esclarece mitos do câncer, como o receio da quimioterapia.
 
“Quando recebem o diagnóstico, elas entram no desespero, morrendo de chorar. Estendo a mão e mostro que não é assim, o câncer tem cura. Elas já saem sorrindo com esperança”, conta Corina.
 
A voluntária se orgulha de presenciar e participar do crescimento da associação e espera ajudar, cada vez mais, pacientes na luta contra o câncer de mama. De acordo com a presidente da Apcam, Evandra da Costa, 1,8 mil mulheres já foram acolhidas pelo grupo e, atualmente, 120 são assistidas.
 
“Já teve paciente que veio do Maranhão e do Acre. Teve uma haitiana que se mudou para Goiânia para trabalhar e descobriu a doença”, conta.
 
A Apcam recebe doações de roupas, sapatos, dinheiro e alimentos na própria sede da associação. Além da sede no Hospital das Clínicas, o grupo mantém uma casa no Setor Central. O local hospeda, provisoriamente, pacientes de outras cidades e sem condições financeiras que passam pela terapia na unidade de saúde.
 

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