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16/12/18 às 08:16 / Atualizada: 16/12/18 às 08:47

Abadiânia/GO - João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas bancárias após primeiras denúncias, dizem investigadores

Médium é considerado foragido da Justiça

Patrik Camporez, Enviado Especial, O Globo

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Abadiânia/GO - João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas bancárias após primeiras denúncias, dizem investigadores

Na quarta-feira, João de Deus afirmou aos jornalistas que provará sua inocência

Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

Ainda sem conseguir localizar o paradeiro do médium João de Deus , investigadores identificaram movimentações recentes nas contas bancárias em nome dele. Segundo estes investigadores, na quarta-feira passada, dia 12, quando as primeiras denúncias de abuso sexual já eram conhecidas, foram retirados cerca de R$ 35 milhões de contas bancárias em nome de João de Deus.

A descoberta destas operações fez com que a Polícia de Goiás e o Ministério Público do estado acelerassem o processo para pedir a prisão do médium. O dinheiro foi retirado de aplicações que João de Deus tem em instituições bancárias. Depois das denúncias, vizinhos relataram que ele não mais voltou à sua casa em Abadiânia .

A ordem de prisão contra o médium já está disponível em sistema do Conselho Nacional de Justiça. Assim, qualquer autoridade policial no país pode efetuar sua prisão, caso o localize em outro estado. Para o MP, João de Deus é oficialmente considerado foragido da Justiça . A Polícia Civil, que vem negociando a apresentação do médium, ainda evita usar esse termo.

O delegado geral da Polícia Civil do estado, André Fernandes, afirmou que a rendição do médium está confirmada. Acusado por centenas de mulheres de abusar sexualmente delas durante sessões espirituais na cidade de Abadiânia, o líder teve a prisão decretada nesta sexta-feira, mas não foi localizado até o momento pelas autoridades. A Polícia Civil e o MP do estado têm interpretações diferentes sobre o status do acusado, que nega os crimes atribuídos a ele.

O paradeiro do líder religioso é incerto. Sua última aparição em público foi na quarta-feira, na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. Ele permaneceu no local por apenas oito minutos. Um advogado amigo de João de Deus disse que a defesa do médium teme pela integridade física dele na prisão. Em nota, na sexta-feira, o advogado Toron havia classificado a ordem de prisão como "inaceitável", já que a defesa não teria tido acesso, na ocasião, ao pedido de prisão do Ministério Público Estadual de Goiás nem ao teor do depoimento das vítimas.

Nesta manhã, enquanto o marido era alvo de buscas, a mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira Lourenço, compareceu à festa de natal da Casa da Sopa, entidade mantida pelo centro religioso do marido, em Abadiânia. Ela discursou a moradores da comunidade sem fazer referência ao médium e deixou o local às pressas em seguida.

— Que os nossos lares continuem cheios de amor, de respeito, de carinho. Eu queria agradecer neste momento a todas as pessoas que aqui estão presentes. Muito obrigada — destacou Ana Keyla, ao microfone, cercada de seguidores do médium e da segurança pessoal da sua família.

Famoso pela realização de "cirurgias espirituais", João Teixeira de Farias, o médium João de Deus, já atendeu celebridades, políticos e altos funcionários públicos do Brasil e do mundo. Agora, no entanto, ele é alvo de uma série de acusações de abuso sexual. O caso veio à tona com a revelação, no último sábado (8), de relatos de mulheres que acusam o médium de se aproveitar da autoridade de líder espiritual para abusar sexualmente delas. As histórias foram contadas no programa "Conversa com Bial" e no jornal O GLOBO .

Pelo menos dez mulheres ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmaram que um grupo de funcionários do médium era conivente com os abusos sexuais cometidos durantes as sessões espirituais em Abadiânia. De acordo com os relatos, os abusos ocorriam em uma sala reservada apenas em momentos de atendimento individualizado. Se havia uma terceira pessoa no local, ela era orientada a ficar com os olhos fechados ou mesmo vendados.

Ao menos quatro funcionários que não ficavam nesta sala, mas eram próximos ao médium e suspeitos de saberem do que ocorria, já foram identificados pelo MP de São Paulo. Os nomes não foram divulgados.

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