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29/11/18 às 21:54

Exposição - A Casa do Parque apresenta ‘O Homem Algodão’, a primeira individual da ceramista Nice Aretê

A exposição é inspirada no livro de Anna Maria Ribeiro Costa e reproduz a história do guerreiro Nambiquara Yalawaialosu, “O Homem Algodão”

Sandra Carvalho

AguaBoaNews

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Exposição - A Casa do Parque apresenta ‘O Homem Algodão’, a primeira individual da ceramista Nice Aretê

Foto: Assessoria

Nesta sexta-feira (30.11), às 19h, a Casa do Parque estreia “O homem algodão”, a primeira individual da cuiabana Nice Aretê. As 30 obras em argila, com cerca de 50 peças, foram inspiradas no livro “O Homem Algodão”, de autoria da escritora Anna Maria Ribeiro Costa.

“Adentrar nesse universo indígena por intermédio do livro me levou a descobrir um universo encantador, cheio de simbolismos e ressignificações para as coisas mais simples do cotidiano”, define Nice Aretê.

Nas suas andanças, a ceramista conheceu a escritora Anna Maria Ribeiro da Costa, e o resultado dessa fusão poderá ser conferido na Casa do Parque. “A exposição ‘O Homem Algodão’ reproduz esse universo indígena, um mundo real e contemporâneo atrelado às lendas e mitos de seus ancestrais que são respeitados e transmitidos de geração a geração; uma sociedade onde a generosidade não é uma virtude, mas sim algo inerente, natural ao ser Nambiquara. Minha profunda reverência”, pontua.

Nice Aretê, que nasceu no bairro Araés, em Cuiabá, conheceu a argila já na fase adulta, num período em que buscava um novo sentido para sua vida. E foi na comunidade São Gonçalo Beira Rio, às margens do Rio Cuiabá, que encontrou ‘Dona Antônia’, exímia artesã que a introduziu nesse universo. “De lá pra cá a cerâmica entrou no meu sangue”.

No início, como não tinha forno em casa, fazia poucas peças sem fim comercial. Porém, entregou-se à pesquisa e foi se aprimorando. Hoje as obras de Nice Aretê estão em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, São Paulo, Belo Horizonte, Inglaterra, Austrália, no Centro Brasileiro Britânico, e passaram pela Contemporary Ceramic Exhibition Brazil and England.

Recentemente suas obras foram expostas na 1ª Bienal da Cerâmica, na Galeria Olido, São Paulo, na lendária Avenida São João, que reuniu ceramistas de diversas partes do Brasil, para difundir a arte oleira.

O tema indígena é seu preferido. “Quando começo uma peça me vem na cabeça a imagem de um indígena. É sempre assim. Começo a preparar o barro, ainda não sei o que vou fazer. Os pensamentos e o barro se misturam e personagens indígenas começam a nascer”.

E quando a escritora Anna Maria Ribeiro Costa viu Nice Aretê criando uma máscara indígena, imediatamente a presenteou com seu livro “O Homem Algodão”. “Comecei a ler o livro e as coisas foram se encaixando. Ele me sugeriu a exposição e a partir daí comecei a criar as peças de cerâmica inspiradas na história fascinante deste líder indígena”.

Flávia Salem, idealizadora da Casa do Parque, fala do encantamento pelas obras da ceramista. “Quando a Anna Ribeiro me apresentou a arte de Nice Aretê foi amor à primeira vista! A forma contemporânea com que ela retrata as lendas e tradições indígenas, assim como o brilho e as cores brilhantes traduzidas em seu trabalho realmente impressionam e conquistam! Todos irão querer uma peça de Nice em seus ambientes”.

O Homem de Algodão

Anna Maria conta que “O Homem Algodão” é um guerreiro xamã Kithãulhu, da etnia Nambiquara, que recebeu seu nome de Dauasununsu, o Deus Supremo, por usar adornos elaborados com algodão nativo.

Yalawaialosu, O Homem Algodão, nasceu na aldeia Serra Azul, no interior da Terra Indígena Nambiquara, a Oeste de Mato Grosso. Casou-se com Anita, uma Sawentesu, com quem teve cinco filhos: Brazilina, Renato, Ademir, Milton e Célio.

“O xamã Homem Algodão foi um Kithãulhu, um dos grupos formadores da etnia Nambiquara. Vem de tempos longínquos a designação Kithãulhu, fruto do marmelo, inspirada em uma característica do corpo de seu primeiro líder, permanecendo até os dias de hoje. Dos não índios, pela dificuldade da pronúncia, recebeu o nome de Lourenço”, relata a escritora.

Segundo Anna Maria, o Homem Algodão sempre se mostrou indignado como a invasão dos não indígenas, os kwajantisu, comedores de feijão, a ocupar o território imemorial Nambiquara, quando se expressava à maneira agressiva para confirmar sua autoridade.

“Acreditou que se seus preceitos religiosos passassem da oralidade à escrita, à semelhança dos ocidentais, alcançariam o tão almejado reconhecimento e respeito.  Queria que seu povo tivesse sua própria Bíblia. À dinâmica de seus dias estava a cura de doenças trazidas pelos não índios e espíritos malfeitores”.

O “Homem Algodão” morreu em 2005.  Seu corpo encontra-se sepultado no pátio da aldeia Central, em frente à sua última morada, ao lado do túmulo de sua filha mais velha. Mas, ainda hoje, se faz presente no ritual masculino da flauta sagrada, direcionado ao cultivo de plantas comestíveis e utilitárias necessárias à sobrevivência de seu povo; nos rituais de cura; nas festividades da menina-moça a comemorar sua menarca.
  • Exposição - A Casa do Parque apresenta ‘O Homem Algodão’, a primeira individual da ceramista Nice Aretê
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