Um dos principais entraves de Mato Grosso é a falta de logística para transportar a produção, por isso, uma comitiva organizada pela Aprosoja está na China há 12 dias conhecendo hidrovias e ferrovias que deram certo.
Na lista do tour, que encerra amanhã (16), estão visitas à hidrelétrica ou barragem das Três Gargantas; o Porto de Yanshan; e a empresa China Railway Eryuan Engineering Group Co (CREEC), que ocorreu nessa segunda (14).
A empresa é responsável pelo estudo de viabilidade da Ferrovia Transoceânica (ou Bioceânica), que vai ligar o Brasil ao Peru. Durante a reunião, chineses quiseram saber detalhes sobre a produção agrícola brasileira.
O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, fez uma apresentação sobre os portos do Arco Norte e mostrou a necessidade dos investimentos em infraestrutura.
O presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, por sua vez, fez questão de ressaltar que Mato Grosso tem capacidade de aumentar sua produção para 150 milhões de toneladas e que os portos do Arco Norte podem receber 70 milhões de toneladas. "Uma ferrovia seria muito importante para ajudar no escoamento da produção agrícola", defende.
O estudo de viabilidade deve ficar pronto em maio de 2016 e, se aprovado, o início da obra acontece em 2018. A conclusão dos trabalhos deve demorar em torno de sete anos. Tomczyk pondera que a empresa pode enfrentar dificuldades em relação à liberação de licenças ambientais para a obra.
Os diretores da empresa argumentam que o laudo da empresa leva as licenças em consideração e o plano é evitar os pontos sensíveis. Caso não seja possível, farão a compensação ambiental. "Nossa sugestão é que o governo chinês e a empresa deixem claro ao governo brasileiro a necessidade de agilidade neste ponto. Nenhum desafio de engenharia é maior que a emissão destas licenças", afirmou o presidente da Aprosoja.
Porto
Thielli Barros
Comitiva visita Porto de Yangshan, na China. Obra custou cerca de R$ 50 bilhões
O grupo também visitou o Porto de Yangshan, em Shangai, localizado num complexo de ilhas a 32 quilômetros da costa. Para chegar até o Porto uma ponte marítima com seis pistas de rolamento foi construída. "É uma das maiores pontes do mundo, o que permite fluxo rápido das cargas para a retroárea construída no continente", explica Edeon.
O governo chinês investiu no aumento do porto para concorrer com Coréia e Taiwan, principais destinos dos grandes navios. Além disso, o porto tem posição estratégica e proximidade com as grandes cidades chinesas.
A obra custou ao governo chinês US$ 12 bilhões, algo em torno de R$ 50 bilhões. "O que mais chama a atenção é a eficiência e qualidade da obra, assim como a rapidez da construção e a eficiência na operação", diz Ricardo Tomczyk, presidente da Aprosoja.
A chamada "ilha pequena", onde está a operação atual do porto, tem seis quilômetros quadrados e uma extensão de oito quilômetros. Os números impressionam: são 60 guindastes de contêineres, 16 berços onde atracam os maiores navios do mundo, com 16,5 metros de calado. Uma vez por ano, uma empresa é contratada por meio de licitação para fazer a dragagem no canal.
No ano passado, houve a movimentação de 15 milhões de TEU's (contêiner de 20 pés), o que significa 45% de todo volume do porto de Shangai. Diariamente, 40 a 60 navios aportam em Yangshan. Há ainda uma grande conexão hidroviária, formada pelos rios Yangtzé e Huangpu, para levar os produtos que chegam ao porto para o interior da China.
O empresário de logística na hidrovia do rio Tocantins, Divaldo Souza, que participa da comitiva diz que a estrutura montada e o volume existente ultrapassam a nossa capacidade de raciocínio. “A expansão do porto liga ao resto de Shangai e ao país pelos rios".
O complexo reúne 69 ilhas e o local foi escolhido por que as formações protegem o porto de eventuais desastres naturais, como vendavais. Quatro mil famílias foram removidas do local para as obras e indenizadas pelo governo chinês. Antes, a ilha tinha 1,7 quilômetro quadrado e, após o aterramento, passou para 25 quilômetros quadrados. Para o aterro, foram necessários 100 milhões de metros cúbicos de areia.
Hidrelétrica
Thielli Barros
Hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo. Foi construída em 17 anos
Outra grande obra que a comitiva visitou foi a hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo. Nesta obra, está localizada ainda a segunda maior barragem e represa do mundo, construídas no rio Yangtzé, o maior da China. "A qualidade da obra, a rapidez da construção e o custo impressionam", diz Endrigo Dalcin, vice-presidente da Aprosoja na região Leste.
“Ao ver essas obras, acredito que o Brasil também tem condições de ter uma infraestrutura eficiente. A diferença é que no nosso país muitos recursos são desviados enquanto na China há a determinação para fazer”, diz.
A obra tem como objetivo de prevenir as enchentes que assolavam a região. A obra começou em 1992 e em 2009 já haviam sido instaladas 28 turbinas, com capacidade de geração de 18.200 megawatts. O custo estimado da obra está em torno de US$ 22 bilhões.
“Isto nos permite afirmar que, com uma política de longo prazo e focada, podemos resolver a questão de infraestrutura no Brasil. Em nenhum dos casos temos dificuldade naturais, como grandes montanhas ou um relevo muito acidentado, como o que eles têm por aqui", alega.
A comitiva também visitou o Departamento de Tráfego de Shangai, uma empresa de barcaças e uma empresa ferroviária em Chongqing e ainda o porto da cidade, um dos mais importantes do interior da China. Os integrantes também percorreram parte da capital chinesa, Pequim, um dos mais importantes centros financeiros do mundo. (Com Assessoria)