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10/09/18 às 21:08

Por que Brasília entrou no mapa das cidades congestionadas do Brasil

Planejada para que os carros não ficassem parados nas ruas e avenidas, capital do país convive há algum tempo com congestionamentos

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Por que Brasília entrou no mapa das cidades congestionadas do Brasil

Foto: Divulgação

Construída 58 anos atrás para ser um símbolo da modernidade, Brasília hoje é exemplo do crescimento urbano desordenado. Mesmo com avenidas largas e sem semáforos para favorecer o tráfego dos veículos, a capital do país passou a conviver com o problema do trânsito -- comum na maioria das capitais brasileiras -- nos últimos tempos.
 
Segundo o Observatório Territorial, da Secretaria de Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal, o problema são os deslocamentos de carros.
 
De acordo com os dados, 41,4% das viagens em Brasília são feitas com automóveis, contra 38% de ônibus e 10% a pé. O metrô, enfim, responde por apenas 2,6% dos deslocamentos de ida e volta para o trabalho.
 
Os números corroboram a pesquisa feita pela Companhia de Planejamento (Codeplan) que mostra que, em 2004, 51,7% das residências do DF guardavam ao menos um carro na garagem e, em 2015, esse percentual já atingia 66,8%. O serviço de despachante no Distrito Federal também registra crescimentos nos últimos anos.
 
O número de linhas de ônibus, na mesma direção do fenômeno dos carros, caiu de 811, no ano passado, para 786 no primeiro semestre de 2018, segundo o DFTrans. A empresa que administra o transporte público do Distrito Federal admite que o governo local tem uma dívida de R$ 200 milhões com as prestadoras do serviço.
 
A Codeplan também encontrou em seu estudo que, entre 2004 e 2015, o número de bicicletas ficou estável, mesmo com a construção de ciclovias por toda a capital federal. Mesmo com um crescimento de 11,4% da população do Distrito Federal entre 2012 e 2017, o percentual de domicílios com ao menos uma bicicleta passou de 30%, em 2004, para 29,3%, em 2015.
 
Para Marcos Thadeu Magalhães, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), vários motivos explicam o problema do trânsito em Brasília. “Estratégias de descentralização e desenvolvimento econômico e social dos núcleos urbanos são essenciais para o redesenho do sistema urbano e o funcionamento da infraestrutura”, comenta.
 
“Não defendo a alteração do tombamento, mas é necessário reconhecer que ele limita as ações transformadoras do espaço, tornando insustentável a atual centralização das atividades”, acrescentou o professor.
 
Para ele, além de procurar descentralizar os serviços públicos e estimular a desconcentração das atividades econômicas, os futuros governantes deveriam melhorar a integração entre os diferentes modais de transporte público (ônibus, metrô, BRT), considerando a possibilidade de instituir tarifas diferenciadas conforme a distância de deslocamento. O acadêmico também defende que o sistema de transporte público ganharia eficiência se a frota de ônibus fosse organizada de forma a alimentar o metrô, em vez de os dois modais atuarem como serviços concorrentes.

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