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19/07/18 às 13:15

Goiânia recebe exposição e bazar de peças indígenas do Xingu

Diário de Goiás

Edição: Clodoeste 'Kassu' AguaBoaNews

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Goiânia recebe exposição e bazar de peças indígenas do Xingu

Foto: Divulgação

Nos dias 21 e 22 de julho, das 8 horas às 16 horas, o restaurante Panela Mágica abre as portas para uma exposição de artesanato indígena do Alto Xingu, das etnias Waurá, Kamayura e Mehinako. Estarão disponíveis para venda, peças em cerâmica como panelas, vasos e esculturas de animais; esculturas também em madeira, esteiras de buriti, cestos, colares e pulseiras. O intuito da exposição é divulgar e promover o trabalho dos artesãos indígenas, mas principalmente viabilizar a arrecadação de verba para que possam custear sua estadia em Goiânia, onde integram o Curso de Formação Superior de Educação Intercultural Indígena da Universidade Federal de Goiás. “Essa complementação de renda é muito importante, já que os custos com estadia, alimentação e deslocamento, que envolve trechos em barcos e em ônibus para Goiânia, são muito altos”, explica a professora do curso e orientadora do Comitê Xingu da UFG, doutora Lorena Dall’ara.

Na exposição, serão expostas de 50 a 60 peças de tamanhos e formas variadas. As peças, extremamente decorativas e de alto valor artístico, também podem ser utilizadas no dia-a-dia, como os jogos de café, pois são curadas em Mawãtá, uma planta que misturada ao carvão serve para impermeabilizar as peças. “O povo Waurá, por exemplo, usa essas panelas para cozinhar o caldo de mandioca, pequi, sal, peixes e etc. Também faz troca com outros povos que não sabem fazer panelas. Além disso, os Waurá pagam pajé e raizeiro para curar os irmãos ou parentes. Essas panelas são valiosas para nosso povo”, explica o aluno xinguano Hukai Waura, que desenvolve seu trabalho de conclusão de curso sobre a arte da cerâmica da etnia.

Os valores dos objetos variam de R$ 50,00 a R$ 800,00 reais e os pagamentos poderão ser feitos em dinheiro, cheque ou transferência eletrônica. “É uma oportunidade única de conhecer um pouco mais dessa cultura ancestral e adquirir peças de um belo artesanato, cada vez mais raro e difícil de encontrar, além, claro, de ajudar os alunos do curso a viabilizar seu processo de formação”, diz Dall’ara.

O povo Waurá é falante de uma língua pertencente à família Aruak e habita a Terra Indígena do Xingu, localizada na região Centro-Oeste, no Estado de Mato Grosso, com 2.790.491 hectares. A sociedade Waurá se divide em três aldeias: a maior é denominada aldeia Piyulaga, que fica à margem do Rio Batovi, no município de Gaúcha do Norte, na região do Alto Xingu, onde vivem cerca de 350 pessoas; a outra aldeia se chama Ulupuwene, situada no Rio Batovi/Ulupuwene, no município de Gaúcha do Norte, na região sul do Alto Xingu e têm 85 habitantes; a terceira aldeia se chama Piyulewene e está localizada à margem do Rio Karl Von denSteinen, que fica no município de Feliz Natal e tem aproximadamente 30 pessoas, na região do Médio Xingu.

A Formação Superior de Educação Intercultural Indígena da Universidade Federal de Goiás existe desde 2007 e surgiu como uma demanda dos próprios indígenas para se capacitarem como professores. Hoje, conta com cerca de 300 alunos pertencentes a 25 etnias das regiões Araguaria-Tocantins e Parque Indígena Xingu. “A maioria dos nossos alunos são professores em escolas indígenas”, observa Lorena Dall’ara.

O curso é realizado por etapas, que acontecem quatro vezes ao ano: em duas delas, os professores vão até as aldeias e, em outras duas, são os indígenas que se deslocam até Goiânia, onde ficam hospedados por quarenta dias a cada etapa. Até 2017, os alunos contavam com a regularidade da Bolsa Permanência do MEC. Em 2018, porém, muitos alunos tiveram suas bolsas cortadas ou não regularizadas pelo ministério. Além disso, novos cadastros para os alunos de 2017 e 2018 não foram concretizados. Atualmente, eles contam com a ajuda da Universidade Federal de Goiás para a alimentação, almoço e jantar, os quais são disponibilizados por meio do Restaurante Universitário. “A gente tem se empenhado em ajudá-los, pois passam por necessidades diversas quando chegam à cidade para estudar, pois são povos vulneráveis”, conta a professora.

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