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27/05/18 às 12:36

Caminhoneiros entram no 7º dia de bloqueios de rodovias em Goiás em ato contra alta do diesel

Integrantes da Força Nacional foram enviados para Luziânia e Catalão para desobstrução de vias. Três decisões judiciais também determinam que pistas sejam liberadas.

Raquel Morais, G1 GO

AguaBoaNews

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Caminhoneiros entram no 7º dia de bloqueios de rodovias em Goiás em ato contra alta do diesel

Bloqueio em rodovia goiana por caminhoneiros que protestam contra alta do diesel

Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Caminhoneiros que protestam contra a alta do diesel entraram no 7º dia seguido de bloqueios de rodovias em Goiás, apesar de o governo federal já ter anunciado o envio do Exército e da Força Nacional para desmobilizá-los.
 
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), às 12h30 deste domingo (27) havia 44 trechos bloqueados no estado – três a menos que no dia anterior. Já a última atualização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta 22 pontos. Não houve registro de conflito entre forças de segurança e manifestantes.
 
Neste sábado (26), integrantes da Força Nacional foram deslocados de Uberlândia (MG) para atuar na desobstrução de vias federais em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, e em Catalão. A frota conta com sete veículos blindados, dois caminhões, dois ônibus e 150 homens.
 
A PRE informou que ainda não recebeu nenhum tipo de reforço ou mesmo de ordem para desfazer os bloqueios e que não existe nenhum ponto em que haja interdição total.
 
Força Nacional é enviada para atuar no desbloqueio de rodovias em Goiás
Força Nacional é enviada para atuar no desbloqueio de rodovias em Goiás
 
A TV Anhanguera apurou que a Justiça determinou multa de R$ 20 mil por hora para caminhoneiros que ocupam 5 rodovias federais em 13 cidades da região central. Além disso, mais duas liminares seguem a mesma interpretação. A PRF informou, porém, que todas as decisões falam sobre bloqueios totais, o que não se encaixa nos existentes.
 
Os protestos impedem a circulação de mercadorias. Por isso, voos foram cancelados por falta de combustíveis, os preços da gasolina e do etanol subiram, a distribuição de botijões de gás está prejudicada, a frota do transporte público em circulação foi reduzida e o funcionamento do comércio foi alterado.
 
Também houve a redução da entrega de alimentos na Central de Distribuição de Goiânia (Ceasa), a morte de animais por falta de ração e suspensão de aulas na rede pública no Entorno do Distrito Federal. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) criou um comitê para gerenciar a crise e adotar estratégias que permitam que seus 11 hospitais não fiquem sem remédios e outros insumos.
 
Ainda neste sábado (26), o governador de Goiás, José Eliton (PSDB), decretou situação de emergência por conta dos protestos. Com a medida, na prática, a administração estadual pode, entre outras ações, disponibilizar recursos para o custeio de procedimentos emergenciais e utilizar as forças de segurança para garantir a livre circulação dos meios de transporte.
 
Eliton disse que o decreto é necessário para tomar "providências para evitar a interrupção de serviços essenciais à população, comprometendo a ordem pública, a segurança, a paz social e o bem estar das pessoas".
 
Além disso, afirmou que os bloqueios têm provocado "inúmeros transtornos", principalmente no que diz respeito "ao transporte de alimentos, medicamentos, combustíveis e outros bens de primeira necessidade".
Não há um prazo para que o decreto permaneça em vigor. Ele será revogado assim que "cessada a situação de emergência". Em seguida, serão determinadas as "medidas necessárias ao retorno da normalidade". Neste contexto, serão apurados atos que tenham causado prejuízo ao patrimônio público.
 
O governador de Goiás, José Eliton, durante anúncio de decreto de situação de emergência por conta do protesto de caminhoneiros (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O governador de Goiás, José Eliton, durante anúncio de decreto de situação de emergência por conta do protesto de caminhoneiros (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
 
Situação de emergência
 
Publicado neste sábado (26) em edição extra do Diário Oficial do Estado, o decreto prevê:
  1. Alocação de recursos orçamentários para o custeio das ações emergenciais
  2. Contratação emergencial de fornecimento de bens e de prestação de serviços necessários ao restabelecimento da normalidade
  3. Requisição de equipamentos, materiais, mercadorias, medicamentos, veículos, combustíveis e outros itens que sejam necessários, de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização, se houver dano
  4. Mobilização das forças de segurança do Estado, inclusive determinando a instituição de regime especial de prontidão, plantão permanente, suspensão de férias e outras medidas que se façam necessárias
  5. Utilização das forças de segurança do Estado para o apoio e a garantia da livre circulação dos meios de trnasportes necessários à distribuição de gêneros de primeira necessidade e à prestação de serviços essenciais
  6. Apoio às ações emergenciais adotadas pelos municípios do Estado
  7. Intensificação, por meio da Polícia Militar, do patrulhamento ostensivo
  8. Avaliação das vias de trânsito, propondo medidas para evitar ou minimizar os efeitos dos bloqueios
  9. Contratação de serviço de apoio técnico-administrativo para consecução dos objetivos do decreto
Falta de combustíveis
 
Com a paralisação, começou a faltar combustíveis em vários postos do estado. Cerca de 60% dos estabelecimentos já estão sem etanol em Goiânia, segundo o último levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), divulgado neste sábado (26).
 
Cerca de 60% dos postos já não têm etanol em Goiânia, Goiás (Foto: TV Anhanguera/ Reprodução)
Cerca de 60% dos postos já não têm etanol em Goiânia, Goiás (Foto: TV Anhanguera/ Reprodução)
 
Em Goiânia, alguns postos mantiveram o preço médio praticado antes da greve - R$ 4,49 a gasolina, e R$ 2,49 o etanol. No entanto, em outros, o valor já teve aumento. Em um estabelecimento, por exemplo, o litro da gasolina chegou a R$ 4,89.
 
O preço dos produtos também subiu nas bombas do interior do estado. Em Alvorada do Norte, a gasolina chegou a ser vendida a R$ 6,89 e o etanol a R$ 3,98.
 
Em nota, o Sindiposto repudiou a atitude de alguns donos de postos que se aproveitaram do desabastecimento para aumentar o preço sem justificativa plausível.
 
"Aumentos pontuais ocorreram porque as distribuidoras também subiram o valor, que inevitavelmente é repassado para o consumidor, mas o sindicato não vai compactuar com aumentos injustificados, ocasionados simplesmente pelo aumento da procura", diz o comunicado enviado pela entidade.
 
Outra nota do órgão informou que “não foi noticiado sobre desabastecimento grave em postos de combustíveis de Goiânia”. Segundo o texto, “algumas faltas pontuais de etanol foram verificadas, mas de forma esporádica”.
O Sindiposto disse ainda que teme que, se a paralisação continuar, “um desabastecimento mais severo poderá ser sentido a partir deste fim de semana”. A nota afirma ainda que a “limitação de litros de combustível disponibilizada para os consumidores nos postos, o Sindiposto esclarece que não influencia na política de venda adotada por cada estabelecimento”.
 
A Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon) explicou que o órgão está monitorando os preços cobrados e qualquer prática abusiva será autuada.
 
Junto com o Ministério Público (MP), o órgão fiscalizou 50 postos de combustível em Goiânia e em Aparecida de Goiânia na sexta, mas ainda não divulgou um balanço da operação.
 
Transporte coletivo
 
Sem estoque para abastecer toda a frota, a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) está operando, desde sexta-feira (25), com um número menor de ônibus na Região Metropolitana da capital. A redução é de 30% e deve ser mantida, a princípio, até segunda-feira (28).
 
A empresa informou ainda, à TV Anhanguera, que há reservas de combusíveis para os ônibus que circulam na capital e Região Metropolitana. Caso a greve continue, pontua a CMTC, há a previsão que o número de veículos circulando diminua.
 
 
Paralisação de caminhoneiros prejudica transporte coletivo em Goiânia
Paralisação de caminhoneiros prejudica transporte coletivo em Goiânia
 
A Metrobus, responsável pelo Eixo Anhanguera, informou “que possuí estoques de combustível suficientes para atender normalmente a população pelos próximos dias, sem que haja a necessidade de redução na frota ou alteração nas planilhas de horários praticados”.
 
Em Catalão, no sudeste goiano, com a falta total de combustível em todos os postos, a empresa responsável pelo transporte coletivo na cidade retirou de circulação 20% da frota. A direção da empresa informou à TV Anhanguera que o estoque é suficiente para que os ônibus circulem apenas até segunda-feira (28).
 
Aeroportos
 
Com dificuldades para receber querosene de avião, o Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, anunciou, no início da tarde de sexta-feira (26), que estava com restrição de voos. Horas depois, chegou uma carga de 80 mil litros de combustível, mas apenas para reserva.
 
Na noite deste sábado, a empresa informou que todos os aviões que pousarem só poderão seguir viagem se tiverem combustível suficiente para a próxima etapa do voo. A Infraero também disse que "está em contato com órgãos públicos relacionados ao setor aéreo para garantir a chegada dos caminhões com combustível de aviação aos aeroportos administrados pela empresa".
 
Às 8h30 deste domingo, o site da Infraero apontava para um único cancelamento: o de um voo que partiria do Rio de Janeiro às 11h30, pela Azul. Clientes podem constar as medidas adotadas pela companhia, lista de voos impactados e informações no site da Azul.
 
A Latam informou que "as restrições de abastecimento de combustível provocadas pela greve dos caminhoneiros seguem impactando suas operações", mas não detalhou sobre voos em Goiás. De acordo com a empresa, os passageiros podem verificar e confirmar a situação de seus voos diretamente na página Status de Voos.
 
Já a Gol afirmou que os "passageiros impactados poderão procurar a companhia a fim de remarcar suas viagens, sem a cobrança de taxas e de acordo com a disponibilidade" ou solicitar reembolso pelo site da Gol, aplicativo ou telefones 0300 115 2121 e 0800 704 0465.
 
Supermercados
 
Supermercados de Goiás começam a ficar desabastecidos de verduras, frutos e frios por causa do bloqueio de caminhoneiros em rodovias do país. Em Goiânia, comércios limitam o número de produtos vendidos para cada cliente.
 
O presidente da Agência Goiana de Supermercados (Agos), Nelson Alexandrino, avalia que o desfalque já pode ser sentido em cidades do interior, principalmente em cidades que se abastecem, basicamente, com produtos da capital, como Caldas Novas. Ele acredita que as regiões sul e sudeste são mais afetadas devido ao alto consumo.
 
Reflexos da greve dos caminhoneiros em supermercado de Goiânia, Goiás (Foto: Elisângela Nascimento/G1)
Reflexos da greve dos caminhoneiros em supermercado de Goiânia, Goiás (Foto: Elisângela Nascimento/G1)
 
Alexandrino acredita ainda que a situação pode ficar crítica, em todo estado, a partir de segunda-feira. Na capital, ele afirma que deve demorar um pouco mais a faltar produtos.
 
No entanto, em alguns estabelecimentos de Goiânia também é possível notar os reflexos da greve. Em um supermercado, apesar de faltar, em pouca quantidade, itens como banana e mamão, houve aumento em outros produtos. A batata inglesa, por exemplo, é vendida a R$ 8,59. Ainda assim, só é permitido a cada cliente levar 3 kg.
 
Ceasa
 
A escassez de alguns legumes fez com que os preços subissem. Segundo Alexandrino, na quinta-feira (24), o preço da saca da batata subiu de R$ 70 para R$ 300, ou seja 328%, na Central de Distribuição de Goiânia (Ceasa). Já o da cebola, que estava a R$ 18 antes dos bloqueios, passou para R$ 70 o saco, o que corresponde a um reajuste de 288%.
 
Em contrapartida, houve superpromoção no valor de frutas que perdem muito rápido, visto que os comerciantes não conseguem distribuir o material. "O abastecimento está comprometido em cerca de 30%. Todos os segmentos foram afetados, principalmente os de produtos perecíveis", afirma uma nota da Ceasa.
 
Os prejuízos totais ainda não foram calculados.
 
Gás de cozinha
 
Segundo informou à TV Anhanguera o Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro-Oeste (Sinergás), 70% das distribuidoras de Goiânia estavam desabastecidas neste sábado (26).
 
Coleta de lixo
 
Em nota, a assessoria de imprensa da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) informou que, por enquanto, a coleta está ocorrendo de forma normal. No entanto, poderá ser prejudicada a partir de segunda-feira (28) se o fornecimento de óleo diesel não for restabelecido.
 
Rodoviária de Goiânia
 
A assessoria de imprensa da Rodoviária de Goiânia informou que ainda não houve nenhum impacto nas linhas e quantidade de ônibus por causa da greve.
 
Saúde
 
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), foi criado um Comitê de Gerenciamento de Crise, em parceria com o Ministério da Saúde. Em situações específicas para o transporte de insumos, a secretaria pode solicitar auxilio para escolta dos veículos. O intuito é garantir a prestação de serviços essenciais nas unidades de saúde.
 
As ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também estão sendo afetadas. Por falta de combustível, o deslocamento de pacientes para hospitais estaduais foi comprometido. Cirurgias e internações estão sendo suspensas.
 
Em nota, a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahphaceg) alertou para o risco de desabastecimento de insumos, como gases medicinais (oxigênio) e medicamentos. Diante da situação, o órgão solicita ao movimento grevista que estes itens "sejam liberados do embargo estabelecido".
 
A instituição alegou que os 21 hospitais associados, além de parceiros comerciais já constataram queda no estoque e "iminente falta de insumos nas instituições de saúde, o que pode ameaçar a assistência e a vida dos pacientes atendidos".
 
Por fim, o comunicado salienta que reconhece o direito constitucional de greve, mas afirma que "o direito à saúde e à vida, assim como o dever das instituições hospitalares de prestarem atendimento, deve prevalecer".
 
Ato nacional
 
O protesto dos caminhoneiros, que começou na segunda-feira (21), ocorre em todo o país e cobra a aprovação do Projeto de Lei 528, que estabelece um o piso para o frete de combustíveis no país. Além disto, a categoria reivindica a redução no preço do óleo diesel e a criação de uma tabela compensatória, que pague aos motoristas por km rodado.
 
No dia 18 de maio, a Petrobras anunciou o quinto reajuste diário seguido no valor do diesel, que começou a valer no sábado (19). A empresa elevou os preços do diesel em 0,80% e os da gasolina em 1,34% nas refinarias.
 
No acumulado na semana, a alta chega a 6,98% nos preços da gasolina e de 5,98% no diesel. A decisão de repassar o aumento do valor da combustível cobrado pela Petrobras para o consumidor final é dos postos de combustíveis.
 
A Petrobras explicou que os combustíveis derivados do petróleo, como o diesel, têm o preço ligados ao mercado internacional e varia diariamente. Com isso, a estatal informou que não tem o poder de formar os preços. "As revisões de preços feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final ao consumidor", consta o comunicado.
 
Além disso, apenas metade do valor do diesel é de responsabilidade da Petrobras, sendo a outra parcela formada por impostos e outros tributos. Por fim, pontuou que "as distribuidoras não têm a Petrobras como seu supridor exclusivo e os demais produtores e importadores praticam sua própria política de preços".

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