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08/05/18 às 08:36 / Atualizada: 08/05/18 às 09:00

Cuiabá - Equipe médica faz redução de estômago com técnica inédita

Procedimento é feito via oral, não tem cortes e o paciente pode ter alta em até 6 horas

Jad Laranjeira, Mídia News

Edição: Clodoeste 'Kassu' AguaBoaNews

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Cuiabá - Equipe médica faz redução de estômago com técnica inédita

Método foi realizado pela primeira vez na Capital, no Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá

Foto: Alair Ribeiro/Midianews

Uma equipe médica realizou nesta segunda-feira (7), no Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, um procedimento inédito de redução de estômago na Capital.
 
Chamado gastroplastia endoscópica, o procedimento é voltado para aqueles pacientes que estão acima do peso, mas que não são indicados a passar pela cirurgia bariátrica. Com a medida, é possível eliminar de 18% a 20% da massa corporal.
 
O endoscopista Luís Gustavo Quadros, um dos pioneiros da técnica no Brasil, veio de São Paulo para acompanhar o procedimento.
 
De acordo com ele, pacientes mais indicados a passarem pelo tratamento são aqueles que estão no grau 1 ou 2 de obesidade e não têm nenhuma doença acoplada por conta do problema.
 
“A obesidade é uma epidemia mundial. Existem aqueles pacientes com obesidade, cuja a doença já está no estágio mais avançado. Para esses pacientes, que antigamente eram chamados de obesos mórbidos, a melhor indicação é a bariátrica. Porém, o maior número de pacientes não se beneficiam da cirurgia bariátrica, seja porque têm um índice para realizá-la, mas têm alguma contraindicação, ou simplesmente não se sentem preparados para a cirurgia. E também há aqueles pacientes que têm uma obesidade mais leve, com IMC [Índice de Massa Corporal] grau 1 ou 2, mas que não têm doenças associadas - e portanto não têm indicação para a bariátrica”, explica.
 
O IMC é calculado dividindo o peso em quilo pelo quadrado da altura em metro. Se o resultado for entre 30 e 34.9, a pessoa tem obesidade grau 1. De 35 a 39.9, torna-se grau 2. Acima de 40, a pessoa tem o grau 3. 
 
“O grupo de pacientes grau e 1 e 2 - que é a grande maioria de obesos - tem indicação para o tratamento por endoscopia, que é realizado via oral, como uma endoscopia normal, aquela usada para diagnóstico de gastrite, úlcera e etc.”, disse.
 
Como é feito
 
Alair Ribeiro/MidiaNews

Todo procedimento dura em média de 40 minutos a 1h e, conforme o especialista, é indolor, podendo o paciente ter alta no mesmo dia

 
De acordo com Quadros, a endosutura gástrica, como também é conhecida, é feita com um endoscópico especial acoplado a uma espécie de agulha, que permite que o endoscopista literalmente costure o estômago do paciente, criando um tubo gástrico, e assim reduzindo o seu volume em média de 50% a 60%, o que gera saciedade mesmo o paciente ingerindo pouca quantidade de alimento.
 
Todo procedimento dura em média de 40 minutos a 1 hora. Conforme o especialista, é indolor, podendo o paciente ter alta no mesmo dia.
 
O retorno às atividades normais pode ocorrer em uma semana e a liberação para atividades físicas, em até 15 dias.
 
O médico ainda ressaltou que os pacientes candidatos para a procedimento endoscópico são aqueles que não possuem a necessidade de fazer a bariátrica, ou apenas aqueles que têm uma contraindicação.
 
“Esse procedimento não tem nada a ver com a bariátrica. Não dá pra comparar com o procedimento endoscópico de sutura gástrica com os pacientes para a bariátrica, que são aqueles que têm doença e obesidade avançada do tipo grau 3 ou obesidade grau 2 com doenças associadas, ou maior que o grau 3”, disse.
 
“Os pacientes candidatos a procedimento por endoscopia são os que não possuem indicação para a bariátrica, ou seja, que tenham uma obesidade leve, ou aqueles que têm indicação de bariátrica, mas não podem fazer por algum motivo. Por exemplo, se um cardiologista contraindicar a bariátrica convencional porque o paciente não tem condições clínicas de ser submetido a uma cirurgia naquele momento. Então ele pode fazer o tratamento endoscópico para diminuir o peso”, explicou.
 
Segundo Quadros, especificamente falando, o tratamento é para aquelas pessoas que estão “no meio” do caminho, que não têm uma obesidade avançada, mas também que não estão com sobrepeso. "Aquele que começou a ganhar peso, que está com um IMC 25 ou 26, que está numa curva ascendente de peso, será melhor beneficiado com outros métodos”.
 
Além da redução do estômago, a técnica também pode ser utilizada em outros tratamentos.
 
“Na verdade é um procedimento em que é possível dar pontos por dentro das cavidades, seja no estômago, seja em perfurações para tratamento de tumores no esôfago, de colón, entre outros”, afirmou.
 
O médico cuiabano Juliano Canavarros, especialista em redução de estômago, também esteve no hospital acompanhando os procedimentos.
 
Ele também fez um curso para realizar a endosutura gástrica nos Estados Unidos. Ao MidiaNews, ele falou da importância do método chegar em Cuiabá.
 
“Eu acho que a Capital do Estado merece que a gente corra atrás de tecnologias que são aplicadas à área médica. Por exemplo, trazer o doutor Luís Quadros, que é uma das pessoas que participam do grupo que introduziu isso no Brasil, é muito importante. Porque temos aqui pessoas de excelente qualidade técnica que vão saber reproduzir o método com grande maestria e capacidade”, disse.
 
Já o endoscopista cuiabano Léo Perri, que também fez o curso para realização da técnica, afirmou que se sente confiante na realização do procedimento na Capital.
 
“Tudo acaba sendo novo, tudo tem uma partida. Eu sou endoscopista, mas quando você entra na bariátrica, sempre vai ter algo novo, assim como sempre há inovações tecnológicas, e assim, a medicina avança também”, contou.
 
O procedimento não é coberto por nenhum convênio médico, nem pelo Sistema Único de Saúde. A equipe médica também disse não ser permitido revelar o valor, conforme determinação do Conselho Federal de Medicina.

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