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08/03/18 às 17:57

Como os antigos egípcios criaram o anel de ouro – e seus significados

Símbolo do casamento no Ocidente, os anéis tinham símbolos religiosos e sociais no Antigo Egito

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Como os antigos egípcios criaram o anel de ouro – e seus significados

Foto: Divulgação

Na pré-história, o anel já tinha um significado sentimental. Mais que apenas um emblema de riqueza, ele já era usado pelos ancestrais humanos para identificar as pessoas com quem a vida era compartilhada, isto é, com que se caçava, se plantava, etc. Essa pessoa poderia um parceiro amoroso ou alguém da comunidade de trabalho.
 
Os motivos das escolhas tinham uma relação próxima com crenças religiosas da época, e os materiais usados para produzi-los estavam intrinsecamente ligados a credos em que tinham relação com as atividades que permitiam à comunidade se sustentar.
 
O lugar mais bem definido do anel vem do Antigo Egito: as peças egípcias são datadas de 3 mil a.C e, portanto, mais de 30 séculos antes do começo da nossa era em que ele é usado como um ornamento.
 
Naquela época, um anel de ouro bonito se referia a diversos símbolos: cobras, escorpiões e outros animais que produziam medo ou repulsa. Isso acontecia porque as peças eram usados como talismãs ou amuletos - assim como símbolos de poder e riqueza - e eram pretendidos para proteger quem os usava de forças hostis, perigosas ou misteriosas.
 
Besouros, gatos e falcões eram usados pelos egípcios como proteção contra adversários e vários demônios, porque representavam as cabeças dos principais deuses da época. Havia também anéis de formas geométricas distintas, em que os elementos simbólicos eram reproduzidos com a função de proteger seu dono.
 
As cores também exerciam um papel fundamental: cada uma delas tinha um significado preciso e, por isso, a escolha da pedra era muito cuidadosa. O verde, por exemplo, representava vegetação; o preto era o sinal da fertilidade na agricultura; o vermelho era o significado do deserto, e assim por diante.
 
A função mais representativa do anel de ouro no Antigo Egito era acompanhar seu dono na vida após a morte. De acordo com a religião egípcia antiga relatada em textos, os deuses, que poderiam ter aspecto humano, estavam encarnados em três substâncias: seus ossos estavam na prata, sua carne estava no ouro e suas cabeças, no Lapis Lazuli.
 
As tumbas encontradas por arqueólogos abundavam de anéis de ouro, prata, ferro, argila e quartzo. Esses anéis eram usados por homens e mulheres, ou em forma de ornamentos de proteção, ou para demonstrar autoridade, ou para carregar um sinal familiar.
 
As peças das famílias mais pobres, assim como aquelas dos servos mortos que acompanhavam seus patrões na última viagem, eram mais simples, feitas de cobre ou cerâmica. Nobres e ricos usavam outras joias produzidas com ouro e prata. "Cada anel era uma obra-prima dos ourives da época", explica a arqueóloga Amélia Ortiz, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
 
Muitos desses anéis tinha hieróglifos gravados com os nomes e os títulos dos seus proprietários. Alguns especialistas já encontraram exemplares no Egito feitos com mármore, âmbar e pedras preciosas. Mas havia uma imagem recorrente em qualquer anel de pessoas mortas: o besouro.
 
O inseto era símbolo da boa sorte porque evocava o deus Jepri, que era representado como um ser metade humano e metade inseto. Jepri era o “deus da manhã” e o “símbolo da vida eterna” e, por isso, seus sinais eram indispensáveis para qualquer morto. Além disso, o uso do anel também ajudava no confronto pós-vida com o Osiris, a divindade que presidia o tribunal que julgava a alma de quem deixava a vida.
 
Nos tempos antigos, os anéis também eram usados como selos, em que os egípcios também foram os precursores. "Nós sabemos que eles adotaram cilindros da Mesopotâmia como selos e deram a eles os anéis. Eles assinavam seus documentos com um selo de argila, gesso ou terra para reconhecer questões judiciais", explica Ortiz.
 
No entanto, os egípcios não ignoravam o uso que hoje é comum desse tipo de joia: assim como nós, os maridos davam às suas esposas brilhantes peças de ouro para como modo de simbolizar a custódia de seus bens e suas possessões. Essa é a história mais bem aceita do "anel de casamento" utilizado hoje.

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