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02/09/15 às 20:12

Dólar volta a subir e fecha em seu maior patamar desde dezembro de 2002

Preocupações com quadro fiscal levam moeda americana a R$ 3,75 após alta de quase 2%; Bovespa interrompe sequência de recuos e sobe 2,17%

Dólar volta a subir e fecha em seu maior patamar desde dezembro de 2002

No acumulado do ano, a moeda americana já valorizou mais de 40% frente ao real

Foto: VEJA.com/Reuters

O dólar fechou em alta de quase 2% nesta quarta-feira, alcançando o patamar de 3,75 reais pela primeira vez desde 2002. Esta foi a quarta sessão consecutiva de valorização da divisa. Após o governo entregar ao Congresso o texto do Orçamento de 2016 com previsão de déficit de 30,5 bilhões de reais, aumentaram as preocupações do mercado com a situação fiscal do país e o risco de perda do grau de investimento, o selo internacional de bom pagador.

Em números exatos, a moeda americana avançou 1,95%, a 3,759 reais na venda, maior nível desde 12 de dezembro de 2002 (3,785 reais). Na máxima da sessão, a divisa ainda chegou a bater 3,773 reais, maior nível de negociação antes do fechamento desde 13 de dezembro de 2002 (3,7750 reais). No ano, alta acumulada é de 41,41%.

"Tanto na política quanto na economia, a situação está muito difícil. É provável que o dólar suba ainda mais", afirmou o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que espera que a moeda se aproxime de 4 reais nas próximas semanas.

A expectativa de que o país pode perder o certificado de bom pagador tem levado investidores a se desfazerem de ativos lastreados em reais, o que pressiona o câmbio. Esse movimento resistiu mesmo à queda do dólar em relação a outras moedas emergentes na sessão desta quarta, um respiro após fortes altas provocadas por preocupações com a economia chinesa.

A atuação do Banco Central (BC) também tem sido um foco importante para o mercado, que questiona se pode aumentar sua intervenção no câmbio para desacelerar o avanço da moeda americana. Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados.

"A questão é que o BC não vai usar armas poderosas demais, como leilões (de dólares) no mercado à vista, porque aí a sinalização vai fazer o mercado testar a disposição dele (de intervir cada vez mais)", afirmou o operador de um importante banco nacional.

Nesta manhã, a instituição vendeu a oferta total de até 9.450 contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou 915 milhões de dólares, ou cerca de 10% do total de 9,458 bilhões de dólares - e, se continuar neste ritmo, vai recolocar todo o lote.

Na segunda-feira, o BC fez leilão de venda de até 2,4 bilhões de dólares com compromisso de recompra, mas não anunciou outros até agora. Alguns operadores já cogitam que o BC pode intervir no mercado à vista, vendendo dólares e usando recursos das reservas internacionais.

"Como o BC vai agir ainda é um ponto de interrogação. Mas a atuação no mercado à vista, que era algo que o mercado nem considerava há alguns meses, agora é uma possibilidade", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Bovespa - Após três pregões seguidos de queda, a bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou a recuperação dos mercados acionários internacionais e subiu nesta quarta-feira. A valorização do dólar para o nível recorde de 3,75 reais beneficiou as empresas exportadoras, que tiveram um pregão vigoroso e ajudaram a sustentar o índice Ibovespa, o principal índice da Bovespa.

A bolsa paulista terminou o dia em alta de 2,17%, aos 46.463,96 pontos. Na mínima, marcou 45.445 pontos (-0,07%) e, na máxima, 46.474 pontos (2,19%). No mês, no entanto, acumula perda de 0,35% e, no ano, de 7,09%. O giro financeiro totalizou 6,864 bilhões de reais.

As empresas exportadoras registraram os melhores desempenhos do Ibovespa nesta quarta, com destaque para Metalúrgica Gerdau PN (12,90%), JBS ON (7,71%), Suzano PNA (+7,45%) e Klabin Unit (+6,52%). Na mesma leva, Vale ON avançou 5,91% e Vale PNA, 5,81%. Ainda no setor siderúrgico, Usiminas PNA teve valorização de 4,84%, enquanto CSN ON subiu 5,10%.

Petrobras, por sua vez, oscilou ao sabor dos preços do petróleo, ora em alta, ora em queda. No final, as ações ordinárias (com direito a voto) tiveram ganho de 2,51%, enquanto as preferenciais (sem direito a voto) subiram 2,68%. O contrato do petróleo para outubro subiu 1,85%, para 46,25 dólares o barril.

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