Notícias / Meio Ambiente

23/12/17 às 20:59 / Atualizada: 25/12/17 às 17:31

Majestade Amazônica - A Dourada: Reportagem 60 dias do Brasil ao Peru

Reproduzimos a rota de migração da dourada, um peixe fundamental para os habitantes da Amazônia. Nesta jornada, descobrimos a fragilidade da espécie frente a pesca indiscrimanda e a construção de hidrelétricas.

Gustavo Faleiros, Repórter Brasil

Edição AguaBoaNews, Clodoeste Pereira 'Kassu'

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Majestade Amazônica - A Dourada:  Reportagem 60 dias do Brasil ao Peru

Foto: Gustavo Faleiros, Repórter Brasil

Nos rios amazônicos, os bagres são nobres e a dourada é majestade. Entre os peixes migradores, a Brachyplatystoma rousseauxii percorre até 11 mil quilômetros. Uma viagem de ida e volta  dos Andes até a foz do Rio Amazonas. É a maior rota de migração em água doce do mundo.

A Dourada adulta (primeiro plano) no Mercado Modelo de Iquitos, Peru. Quatro postos de descarga de Bagres servem os mercados de rua -  Foto: Gustavo Faleiros, Repórter Brasil

Entre cachoeiras e rios caudalosos, o maior predador da dourada é o homem. Há séculos, o bagre garante a subsistência de milhares de pescadores. É a base da economia tanto em cidades quanto em comunidades ribeirinhas e indígenas. No alto e médio Amazonas,  o comércio da dourada e outros bagres, como a piraíba, a piramutaba, o jaú e o surubim ocorre em uma faixa de 2.000 quilômetros, da cidade de Iquitos, no Peru, até Tefé, no Amazonas . Mais próximo à foz, o principal mercado é Belém, onde a dourada é o peixe mais apreciado pela população.


Jovens Douradas chegando ao Mercado Ver-O-Peso em Belém no Pará. Mais próxima a Foz do Rio Amazonas os peixes são capturados com 3 ou 4 anos antes da idade reprodutiva - Foto: Flávio Forner, Repórter Brasil

Durante 60 dias, viajei do Peru ao Brasil buscando pistas sobre a dourada em barcos, portos e mercados de peixe. Foi difícil achar a espécie em lugares onde ela costumava aparecer com fartura. Descobri que não só este incrível peixe migratório está super explorado. Por influência de frigoríficos e exportadores da cidade de Letícia, Colômbia, a pesca de dourada e outros grandes bagres está em declínio. Por isso, ouvi muitas reclamações dos pescadores sobre a queda na quantidade de peixes.


Na madrugada o comércio de Douradas no Ver-O-Peso. O grande Bagre é a espécie mais abundante no mercado paraense - Foto: Flávio Forner, Repórter Brasil

O outro polo pequeiro está em Belém do Pará. Nesta parte da bacia amazônica, a captura concentra-se na população juvenil das douradas. Com uso de redes de arrasto, a frota contribui para a escassez de peixes rio acima. Além da sobrepesca, a principal ameaça à dourada é a construção de hidrelétricas. Durante esta viagem, me encontrei com pesquisadores, como Rosseval Leite do INPA em Manaus, que temem que o barramento nos rios mais próximos dos Andes pode afetar a reprodução dos bagres migradores.


Ver-O-Peso em Belém. A Dourada pode medir até um metro e meio de comprimento. Depois de atingir a idade adulta, elas passam a subir o rio. - Foto: Flávio Forner, Repórter Brasil

Ver a próxima reportagem da série...

Majestade Amazônica - Grandes bagres no mercado de Nauta Peru
 

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