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14/09/17 às 11:52 / Atualizada: 14/09/17 às 11:59

Ministro Luiz Fux vê tentativa de obstrução à Justiça por Maggi, Cidinho e Avalone

Carolina Brígido, repórter de O Globo

Edição AguaBoaNews, Clodoeste Pereira 'Kassu'

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Ministro Luiz  Fux vê tentativa de obstrução à Justiça por  Maggi, Cidinho e Avalone

Foto: Assessoria

Na autorização para o cumprimento de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que há indícios de obstrução à investigação que envolve o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e empresários e autoridades em Mato Grosso (MT). Blairo foi citado na delação do também ex-governador daquele estado, Silval Barbosa (PMDB).

"São veementes os indícios quanto ao cometimento do crime de obstrução de investigação de crimes de organização criminosa por parte de Blairo Borges Maggi, José Aparecido dos Santos (Cidinho Santos), Gustavo Adolfo Capilé de Oliveira, Marcelo Avalone, Carlos Avalone Júnior e Carlos Eduardo Avalone", diz despacho do ministro do STF. Gustavo de Oliveira, e os irmãos Avalone, todos de Mato Grosso, estariam envolvidos nos supostos crimes.

No pedido de busca e apreensão enviado ao Supremo, o Ministério Público Federal (MPF) cita outro caso que envolve Blairo Maggi e que também foi citado na delação premiada do ex-governador de MT Silval Barbosa. Segundo o MPF, Blairo Maggi teria oferecido vantagens a Silval, logo após sua prisão na operação Ararath.

"Blairo Maggi teria enviado seu suplente, o senador José Aparecido dos Santos (Cidinho Santos), como emissário de uma mensagem para Silval Barbosa, no presídio onde estava preso. Cuidar-se-ia de uma promessa de que a Operação Ararath seria anulada perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cumulada com um conselho para evitar o caminho trilhado por José Geraldo Riva, que, segundo o senador, havia confessado crimes, e mesmo assim foi condenado a penas altas", diz trecho da decisão de Luiz Fux.

"O procurador-geral da República sublinha que a fala final do diálogo indica que José Aparecido dos Santos falava em nome do atual Ministro da Agricultura. Com esteio nos indícios das práticas criminosas assim narradas, o procurador-geral da República pugnou pela decretação de medida cautelar de busca e apreensão nos endereços dos envolvidos", escreveu Fux.O ministro da Agricultura é acusado de ter comprado o silêncio de um preso na operação Ararath ainda em 2014. Segundo narrado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, há indicativos de que Blairo Maggi se envolveu na compra da retratação de Éder Moraes Dias, preso pela Polícia Federal (PF) e que teria prestado depoimento ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT).

"Acordou-se o pagamento de R$ 6 milhões, dos quais metade seria paga por Silval Barbosa e a outra metade por Blairo Maggi", diz a decisão do ministro Fux.

De acordo com o despacho do ministro, ainda segundo o procurador-geral da República, "Sílvio Cesar Correa Araújo, chefe de gabinete do então governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, recebeu no seu gabinete o empresário Gustavo Adolfo Capilé de Oliveira, que se apresentou como o responsável pelo pagamento da parte de Blairo Borges Maggi”.

Entre os alvos da ação de hoje também está o senador Cidinho Santos (PR-MT). Mas a indicação é para busca e apreensão em endereço residencial dele em Cuiabá.

Além do imóvel funcional em que Blairo reside em Brasília na quadra 309 sul, a PF também faz buscas em outros endereços vinculados ao ministro da Agricultura: avenida Ary Coelho, nº 633, Cidade Salmen, Rondonópolis; e sala supostamente ocupada por Blairo Maggi na Amaggi na Avenida André Antônio Maggi, 303, Cuiabá.


 
NOTA DE ESCLARECIMENTO DO MINISTRO BLAIRO MAGGI
 
Sobre a operação realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (14), esclarecemos que:
 
1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. 
 
2. Ratifico ainda que não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação.
 
3. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional. 
 
4. Por fim, ressalto que respeito o papel da Justiça no cumprimento do seu dever de investigação, mas deixo claro que usarei de todos os meios legais necessários para me defender e reestabelecer a verdade dos fatos. 
 
Blairo Maggi

 

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