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30/08/17 às 09:05

Milho: resistência a inseticidas é registrada em 4 locais de MT

Lagartas Spodoptera frugiperda coletadas em Diamantino, Nova Mutum, União do Sul e Alto Garças mostraram insensibilidade ao metomil

Thuany Coelho, Portal DBO

Edição ÁguaBaNews, Clodoeste Kassu

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Milho: resistência a inseticidas é registrada em 4 locais de MT

Lagarta-do-cartucho em folha de milho

Foto: Marina Pessoa/Embrapa

Lagartas da espécie Spodoptera frugiperda, mais conhecida como lagarta-do-cartucho, coletadas em lavouras de milho de quatro municípios de Mato Grosso - Diamantino, Nova Mutum, União do Sul e Alto Garças - apresentaram resistência ao metomil, inseticida comum no combate a essa praga, a principal do milho. “Para essas regiões, seria importante não utilizar essa molécula na próxima safra. Mas é um monitoramento que precisa ser feito todo ciclo. Vai chegar um ponto em que essa população resistente pode voltar à condição de susceptibilidade”, diz Rafael Pitta, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril. Segundo ele, a eficiência na mortalidade das lagartas nesses locais ficou entre 15% e 30%.

O resultado faz parte de um monitoramento de resistência da lagarta feito pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso e a Aprosoja-MT na última ‘safrinha’ de milho no Estado. O estudo também analisou a susceptibilidade à flubendiamida, outra molécula comumente usada no controle da Spodoptera em milho. “Percorremos o Estado fazendo coletas para termos um raio-x de como estava o nível de resistência e se existia diferença entre regiões”, conta Pitta. Além dos municípios mencionados, foram recolhidas amostras em Canarana, Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis, Sinop, Sorriso, Campo Novos dos Parecis, Tangará da Serra, Sapezal, Nova Maringá, Brasnorte e Dom Aquino.

Em relação à flubendiamida, todas as populações de lagartas se comportaram como suscetíveis ao inseticida. A referência de comparação é uma amostra criada em laboratório, que não tem contato com inseticidas por um longo tempo. “Para uma população do campo ser considerada suscetível, 50% teria que morrer . Então coletamos as populações no campo e fazemos teste comparativo. Se morrer muito menos do que metade, é indicativo de que tenho problema de resistência, ou pelo menos de que está começando um processo de resistência”, explica o pesquisador. 

Próximos passos - Além de analisar a resistência, os pesquisadores também querem entender a herança genética e o comportamento dessas populações. “Precisamos saber se o gene de resistência desses indivíduos é dominante ou recessivo. Se for dominante, quando acasala resistente com suscetível, esses que vão nascer serão resistentes. Se for recessivo, eles vão se comportar como suscetíveis. Nesse última caso, a resistência é reduzida mais rapidamente no campo”, exemplifica Pitta.

Na questão do comportamento, a ideia é avaliar como é a dispersão dos indivíduos resistentes na população. “Se eles não são tão competitivos como os suscetíveis, por exemplo, as mariposas podem ovipositar menos. Isso é fator importante para nós, porque daí são menos lagartas resistentes no campo”. 

Rede de coleta - Todas essas pesquisas buscam dar subsídio para as estratégias de manejo de resistência no Estado. Para reforçar esse plano, um grupo de consultores de várias regiões de Mato Grosso está sendo formado. A iniciativa é das entidades já citadas, ao lado do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA). “A ideia é criar um grupo no Estado para conduzir esse manejo de resistência de pragas, doenças e plantas daninhas”. Os consultores seriam parceiros na coleta e envio das amostras, aumentando a base de informações. “Nessa safra, tivemos 17, o que já é bastante coisa, mas com essa rede podemos triplicar esse número. A qualidade desse raio-x seria maior”.

Além da coleta, os técnicos se reuniriam todo final de safra para discutir os resultados e, depois, transmiti-los para os produtores de suas regiões. “A pesquisa gera informação, porém não tem como difundir isso de forma tão eficiente quanto os consultores”. A ideia é que o grupo já esteja formado para a safra do ano que vem.

Para Pitta, as pesquisas têm potencial de ajudar tanto o produtor quanto o meio ambiente. “O agricultor terá efetividade de controle [ao saber o que funciona], então não vai precisar pulverizar novamente em um curto período de tempo. Isso se traduz em redução dos custos de produção e também em ganho para o meio ambiente, porque uma carga menor de produto vai para o solo”. No futuro, outros princípios ativos, pragas e doenças devem ser analisados. 
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