O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), admitiu em depoimento no âmbito da operação Sodoma, na tarde desta segunda-feira (17) à juíza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, que participou de um esquema de desvio de recursos públicos. Réu confesso, o ex-chefe do Executivo estadual afirmou que liderou o esquema de corrupção de cobrança de propina de empresários que queiram manter contratos com o governo e que nenhum dos envolvidos foi “vítima”. “Eles não eram pressionados, eles (secretários) iam com maior prazer principalmente porque sabiam que tinha vantagem. Assim como os empresários: só fazem porque tinham vantagem. Em nenhum momento eu obriguei a fazer, eles faziam com satisfação".
Silval afirmou que o esquema teve inicio em 2011, quando César Zílio assumiu a Secretaria estadual de Administração. O objetivo da nomeação seria buscar recursos para quitar dívidas contraídas da campanha que elegeu Silval Barbosa. “Em todas as campanhas existe caixa 2, ficam muitas dívidas, por isso convoquei o Zílio, que era de minha confiança, para resolver esse problema”.
Silval admitiu pela primeira vez que se reuniu com o empresário Willians Mishur, proprietário da empresa Consignum, que atua no mercado de empréstimos consignados para servidores públicos e que a empresa repassava R$ 450 mil por mês para o grupo. Algum tempo depois, César Zilio foi substituído por Pedro Elias na Secretaria de Administração e na função de arrecadador de propina. “Ele [Pedro Elias] veio para ter controle, pedi para ele operar esse esquema da Consignum. Ele passou só uma vez o recebimento pra mim, no valor de R$ 500 mil, sendo que ele ficou com R$ 100 mil”. Ao todo, Silval assume ter recebido R$ 7,2 milhões.
Outro aliado citado durante depoimento do ex-governador foi o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães, que teria sido beneficiado através de um esquema envolvendo gráficas. Walace teria procurado Silval em busca de aporte financeiro para sua campanha à prefeitura em 2012. Silval teria orientado o ex-prefeito a contratar gráficas e simular compra de materiais gráficos no valor de R$ 5 milhões. Nesse esquema, o ex-governador disse que ficou com R$ 1 milhão e César Zílio com R$ 1 milhão.
Com relação ao ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, Silval o desmentiu sobre uma suposta dívida que ficou pendente. Riva teria forçado a renovação do contrato com a Consignum para receber R$ 2,5 milhões que seriam utilizados na campanha ao governo em 2014. “Quando o Riva disse que eu devia, eu não devia nada. Ele queria esse contrato e Willians [Mischur, dono da Consignum] sabia disso. Essa é a história verdadeira da Consignum”, disse.