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14/06/17 às 22:09

Luto - Morre Jorge Bastos Moreno, um cuiabano

Deixou Cuiabá na década de 1970 para se tornar um dos principais jornalistas do país; morreu ontem no Rio de Janeira aos 63 anos

Vanessa Moreno e Eduardo Gomes, Diário de Cuiabá

Edição para ÁguaBoaNews, Clodoeste Kassu

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Luto - Morre Jorge Bastos Moreno, um cuiabano

Jorge Moreno com a atriz Carolina Dieckmann no lançamento do livro "A história de Mora - a saga de Ulysses

Foto: Divulgação

ornalista que é jornalista de fato não morre – sobrevive na essência de sua obra. Ontem, Jorge Bastos Moreno, 63 anos, não viu o sol nascer sobre o Rio de Janeiro. Vítima de um edema agudo de pulmão causado por complicações cardiovasculares Moreno fechou os olhos para sempre e seu corpo foi trazido para sua terra, Cuiabá, mas ele continua vivo na mente de seus parentes e de sua legião de admiradores, e na sua obra, onde se destaca o furo jornalístico com a informação sobre a redemocratização que botou fim a ditadura militar de 1964.

Moreno foi uma das referências do jornalismo nacional, além de ter escrito livros. Em Brasília, onde entre outras atividades chefiou a Sucursal de O Globo, transitou em todas as esferas políticas tanto no período dos anos de chumbo quanto na democracia. Afável, comunicativo e muito respeitado arrancou junto à cúpula militar a informação privilegiada de que o general João Figueiredo seria nomeado presidente. Seu ciclo de amigos na esfera política e do poder não excluía ninguém, nem mesmo o baixo clero na Câmara. Seu adeus foi lamentado nas redes sociais e em notas de Michel Temer, Eunício Oliveira, Gilmar Mendes, Fernando Henrique Cardoso, Rodrigo Maia, Pedro Taques, Fernando Pimentel, Geraldo Alckmin, ACM Neto, João Dória, Eliseu Padilha e muitos outros. Nos meios jornalísticos e artísticos a repercussão foi a mesma; considerado guru por grandes jornalistas ele era fonte de inspiração para eles; as principais estrelas das telinha da Globo externaram pesar por seu adeus: Mariana Ximenes, Luana Piovani, Isis Valverde, Maria Fernanda Cândido, Fernanda Torres, Glória Pires, Carolina Dieckmann e outras se juntaram em lamento.

Políticos, magistrados, ex-colegas e artistas foram unânimes na definição de Moreno, ao qual chamaram de íntegro, generoso, competente, correto profissionalmente, dedicado ao jornalismo e homem que soube acompanhar a ampliação de sua atividade transformando-se em multimídia no rádio e na internet sem abrir mão de sua origem na redação de jornal impresso.

Vencedor de prêmio Esso, Moreno estava na profissão há mais de 40 anos e atuava na cobertura política. No jornal O Globo, mantinha o "Blog do Moreno". Em março, lançou o livro "Ascensão e queda de Dilma Rousseff", com base em mensagens de Twitter. Também é autor do livro "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães", de 2013.

MORENO – Cuiabá, 23 de abril de 1954. Ouve-se um choro forte na casa humilde de dona Alzira Bastos Moreno e seu marido seo José Suideberto Moreno, o Juca Moreno. A parteira anuncia: é menino! O pai, cheio de orgulho olha para a mãe e anuncia o nome do recém-nascido: é Jorge, porque hoje é dia de São Jorge. Os Moreno moravam nas imediações do local onde mais tarde foi construído o terminal rodoviário de Cuiabá. Depois, seo Juca Moreno mudou-se para a Rua Presidente Marques. O casal Moreno era oriundo de Vila Bela da Santíssima Trindade e recém-chegado na capital mato-grossense.

Moreno foi aluno do antigo colégio dos padres, que depois seria o Colégio São Gonçalo. De lá, a convite do padre Firmo Pinto Duarte Filho, seu professor, transferiu-se para o Liceu Cuiabano e depois para a Escola Técnica. Em busca da faculdade, no começo dos anos 1970 ele partiu para Brasília, onde foi aprovado no vestibular de jornalismo da Universidade de Brasília (UnB).

Alojado na casa do estudante universitário da UnB tornou amigo de seu coestaduano Gilmar Ferreira Mendes, de Diamantino. Gilmar é ministro do Supremo Tribunal Federal e preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No seu ciclo de relacionamento Gilmar sempre revela que quem lhe deu o primeiro emprego foi Moreno, que o contratou para auxiliá-lo no Diretório Central dos Estudantes da UnB.

A escolha do jornalismo como profissão não foi obra do acaso. Moreno certa vez revelou que quando garoto em Cuiabá ouvia o programa “Crônica das 12 e 5” na Rádio A Voz D’Oeste, apresentada diariamente pelo radialista e jornalista João Alves de Oliveira, fundador deste Diário.

Moreno não morava em Cuiabá, mas mantinha fortes laços com a cidade. Dona Alzira dividia o tempo entre sua casa e a do filho, em Brasília. Depois da morte dela, em 2012, ele mudou-se para o Rio de Janeiro. Tanto em Brasília quanto no Rio sua residência era verdadeiro ponto de encontro da intelectualidade, de políticos e de belas atrizes e modelos. Uma de suas paixões era a gastronomia, principalmente sua peixada cuiabana com farofa de banana e a feijoada sagrada dos sábados. Quem garantia o sabor e a qualidade da alimentação era sua cozinheira e amiga Carlúcia Pereira da Silva, que o acompanhava em suas andanças pelo Brasil e exterior.

Os pais de Moreno morreram e dois de seus irmãos, também. Seu irmão Aristeu Teles Moreno com seus filhos e netos moram em Cuiabá. Aristeu é servidor da prefeitura municipal. Seo Juca Moreno foi taxista e recebeu homenagem de seus colegas e da prefeitura. O ponto de táxi defronte o Hospital Santa Helena leva seu nome.

O corpo de Moreno foi velado no Rio de janeiro, no Cemitério São João Batista. A noite, seu corpo foi translado para Cuiabá, para ser velado na Capela Jardim. O sepultamento acontece hoje, pela manhã, no Cemitério da Piedade, em Cuiabá.

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