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09/12/20 às 08:29

Suicídio entre jovens: Uma abordagem para além da depressão

Esta semana que passou nos sobressaltou a notícia do suicídio de uma jovem no município vizinho de Água Boa. A primeira pergunta que nos vem à mente é, ”nossa o que aconteceu”? Ou “por que ela fez isso? Jamais saberemos de fato, porém, o que podemos afirmar é que assim como esta jovem, muitas outras pessoas em qualquer idade, cometem suicídio.

Especialmente entre os jovens, a taxa de suicídios aumentou 7% no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, após os acidentes de carro. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda principal causa de óbito entre meninas (após condições maternas) e a terceira principal causa em meninos (após lesões na estrada e violência interpessoal). O que estes dados nos mostram? 

Podemos analisar esta realidade por dois olhares distintos. Os jovens estão desenvolvendo depressão na mesma subida das taxas que o suicídio? Ou na verdade apresentam uma grande dificuldade e falta de habilidades para lidar com uma realidade externa? Em texto anterior, já discorremos sobre a influência que a depressão enquanto transtorno mental pode ter sobre o suicídio. Ressaltando que a depressão é caracterizada pelos sintomas, como tristeza, desesperança, falta de motivação e desinteresse pela vida, os quais são influenciadores em potencial no comportamento suicida e estão ligados a diversos fatores que se enquadram no social, pessoal e psíquico. No entanto hoje, quero trazer à luz uma nova discussão sobre uma outra condição que está associada ao questionamento sobe o que leva alguém a cometer suicídio, aqui em especial, os jovens.

 
A Psicologia Positiva estuda a força de aspectos positivos da vida humana e pesquisadores desenvolveram uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Conhecida como “Teoria do bem-estar”, esta apresenta os cinco elementos essenciais que devem estar presentes para que seja possível adquirir experiências de um bem-estar efetivo e duradouro. Este modelo é assim representado: Emoções Positivas, estas se cultivam e precisamos executar ações especificas para poder experimentá-las. Relacionamentos, a quantidade e qualidade das relações que estabelecemos com os outros é a chave para gerar bem-estar. Realização, analisar cada detalhe do que foi alcançado e visualizar o que se tornou possível, conectando-se com gratidão para com os outros. Engajamento, capacidade de permanecer atento, consciente e compenetrado com a atividade ou ação que estiver executando. Sentido, o uso das virtudes por um sentido maior. Agir em prol de um significado, um sentindo, de valores.

A discussão é longa, e não caberia aqui num breve texto, porém, vamos analisar cada um destes cinco elementos e pensar nos jovens da nossa atualidade. A realidade social em que vivemos tem propiciado o desenvolvimento destes elementos? O adolescente e jovem ainda num processo de amadurecimento psicológico, diante de uma realidade extremamente competitiva, onde o ter se sobrepõe ao ser, favorece o desenvolvimento destas capacidades?  

Nossos adolescentes e jovens estão cercados por uma realidade descartável, onde as relações são passageiras, o compromisso é ultrapassado e o sentido de comunidade está ficando cada dia mais distante. Educamos nossos filhos para serem excelentes alunos; excelentes profissionais; excelentes empreendedores; excelentes ….excelentes…excelentes…. E nessa busca incessante pelo sucesso, poder e beleza, estamos esquecendo de valorizar o que de fato importa, a natureza humana.

Desta forma, ter clareza dessas forças e valores acima mencionados torna possível trabalhar tanto a nível pessoal como prevenir o suicídio. Ao utilizar técnicas que desenvolvam estes elementos com nossos jovens, espera-se que a pessoa modifique alguns pensamentos, atitudes, hábitos e, com isso, torne-se mais produtivo, equilibrado e feliz.
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