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28/06/14 às 11:24

Mistérios na Serra do Roncador – 2

Continuando o artigo de ontem, parei na seleção das pessoas que seriam tratadas durante ritual espiritualista na gruta, na serra do Roncador, no leste de Mato Grosso. À noite seriam tratadas 28 pessoas com males os mais diferentes, a maioria ligados ao câncer. Saímos da sede, onde existiam um enorme e belo quiosque, a casa simples de madeira com cinco cômodos, onde se hospedam os dirigentes do Santuário e, na época, uma construção em pedra tipo um castelo de um pavimento para futura residência de Armando e a sacerdotisa Deusinha. Seguimos a pé ou de carro a trilha por cerca de um km até a boca da gruta, uma parte do trajeto numa trilha no cerrado grosso. Todos vestidos com uma túnica branca.

Antes de sairmos, Deusinha me chamou de lado e disse: “quero que você fique na cabeceira da maca e assista a todos os tratamentos”. Entramos na gruta escurecendo. Todos com vela na mão e cantando mantras relativos aos grandes mestres do Santuário: Saint Germain, Satya Kumara e Stepnefille. Fracamente iluminada por luz elétrica, o ambiente era de recolhimento. Próximo à entrada leste, uma maca onde seriam deitadas as pessoas no tratamento. Um pouco à direita uma área reservada à enfermaria, onde havia 28 colchões estendidos no chão. Ao lado da maca, sentados, Deusinha e Armando.

O primeiro paciente é deitado na maca, Armando ouve a área a ser tratada e traça com o dedo polegar direito uma área sobre o corpo. Em seguida, Deusinha, incorporada pelo Mestre Stepnefille se aproxima, examina e lança um sopro por entre as mãos sobre a área. Uma auxiliar colocou pequenos pedaços de algodão molhado no entorno da área marcada. Ela começa a esfregar os pedaços de algodão sobre a pele no local e, aos poucos, surgem sinais de sangue. Ela para, abre um dos pedaços de algodão e lá está alguma coisa parecida com um coágulo de sangue. Em cada um dos 28 pacientes assisti a diferentes formas de coágulos. A maioria foi considerada tecido cancerígeno pelos vários médicos, alguns especialistas ali presentes, incluindo um pesquisador da Unicamp. Em seguida a maca era levada à enfermaria e vinha outro paciente.

À meia-noite terminaram os tratamentos. Eu estava muito cansado, de pé desde às 19 horas.Vi todas as intervenções. Dormimos dentro da gruta em dezenas de colchões esparramados pelo chão. Às 5 horas um sino avisa que é hora de levantar e voltar para o quiosque. Os pacientes da noite anterior tomam café em separado. Conversei com todos. Estavam bem mas sentiam-se debililitados.Entre eles, o nosso companheiro de viagem, Luizinho Jacarandá, que tinha um tumor no rim e não sabia, e o nosso organizador do grupo, que tinha um tumor na próstata e não sabia.

Voltamos para Cuiabá à tarde. No mês de maio de 2011 eu voltaria lá. Mas fica pro próximo artigo, assim como considerações sobre o santuário e os seus mistérios.
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