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11/01/17 às 11:03

De alma e coração

Um revelador passeio pela memória e o hoje de uma das mais importantes regiões agrícolas do mundo. Poderia definir meu novo livro assim, mas acho que ele vai um pouco mais além pelo ineditismo de suas páginas que revelam o que há de melhor no Nortão: sua gente.

“Nortão BR-163 – 46 anos depois” é o título de livro, que graças a Deus encaminhei para impressão numa editora e que deverá chegar aos leitores em poucos dias. Pesquisando para elaborar a obra percorri todos os municípios da região e conversei com dezenas – algumas centenas – de moradores na área.

Sem me afastar da rotina diária na redação produzi o livro no período que se arrastou do começo de outubro ao final de dezembro do ano passado. Sua elaboração somente foi possível graças ao designer Édson Xavier e ao professor Marinaldo Custódio, que o revisou e escreveu o prefácio. A eles, meu agradecimento. De igual modo agradeço a alguns servidores de prefeituras e prefeitos que colaboraram com a ilustração cedendo fotos históricas que registram momentos marcantes de suas cidades. Não poderia jamais omitir as figuras com as quais conversei e que revelaram fatos interessantes ou curiosos. Aos colegas de jornalismo que abriram espaço divulgando a edição, minha gratidão. De modo especial reconheço o apoio que recebi de minha mulher Wanderly e dos meus filhos Jeisa, Agenor e Eduardinho, sem o qual não teria concluído o sonho de condensar 46 anos da história do Nortão numa obra que mesmo sem pretensão literária, sem reivindicar o título de banco de dados ou fonte permanente de consulta por seu conteúdo histórico e estatístico é a referência de informação sobre a região que foi colonizada com a abertura da BR-163 - a nossa Cuiabá-Santarém.

Finalmente, obrigado meu Deus!

O livro proporcionou-me reencontro com figuras do Nortão. Foi assim em Cláudia, com Cláudia Neuza, que recebeu aquele nome em homenagem ao município onde seu nascimento foi o primeiro parto do lugar. Em Santa Carmem conversei novamente com Aarão Avelino, o mecânico que ganhou um lote do colonizador Ênio Pipino para montar sua oficina e que hoje enfrenta problema com uma doença degenerativa. Em Paranaíta apertei a mão de José Maria Pereira Luz, o Goiano, que foi uma das vítimas da Taca – um dos episódios violentos na região. Em Matupá, mais uma vez vi a placa que homenageia o Anjo de Luz, Irmã Adelis. Em Peixoto de Azevedo percorri a agora deserta Rua do Comércio, que no ciclo do ouro fervilhava com seus cabarés, hotéis, farmácias e compra do metal. Andei, andei muito, mas valeu a pena.  

Atrás de dados revi a força econômica de Sinop, a vitalidade da suinocultura em Tapurah, a memória da aviação de garimpo representada pelo famoso avião dos Irmãos Metralha ora suspenso num pedestal no centro de Alta Floresta. Fiquei impressionado com os lagos dos reservatórios das hidrelétricas no rio Teles Pires.

Recomendo a leitura do livro, que foi editado sem apoio das leis de incentivo cultural. Entendo que a obra tem importante papel na construção da história do Nortão, que até então é mantida basicamente na oralidade. Longe da pretensão de receber o título de escritor. Sou um simples repórter com quase meio século na atividade, que se atirou com a alma numa empreitada no coração de Mato Grosso.
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