Este artigo não trata de uma questão ambiental, como `a primeira vista pode parecer, como aquelas notícias em que uma anaconda ou sucuri devora suas presas, jacarés e também outras cobras menores. Poderia ser classificado como uma reflexão sobre a ecologia política brasileira, a partir das cenas que já se tornaram rotineiras através das constantes ações da Polícia Federal, cumprindo ordens do Poder judiciário, correndo atraz não de bandidos comuns, traficantes de drogas , de armas e de seres humanos ou contrabandistas; mas sim prendendo, algemando políticos e gestores públicos, vasculhando suas casas, seus escritórios e até mesmo gabinetes parlamentares, em Câmaras municipais, Assembléias Legislativas ou da Câmara Federal, como ocorreu há poucos dias em Brasília e em diversos Estados.
A cada dia as investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça, divulgadas amplamente pelos meios de comunicação, possibilitam ao povo, ao eleitor e ao contrbuinte, constatarem que estamos sendo governados, ainda bem que apenas uma parcela menor, por verdadeiros bandidos de colarinho branco, verdadeiras quadrilhas que usam o mandato e os cargos públicos para roubarem, bilhões de reais que fazem falta para a implementação das políticas públicas voltadas `a solução de graves problemas que afetam a população, principalmente as camadas mais humildes.
Mas vamos ao que interessa nesta reflexão, a operação catilinárias, executada pela Polícia Federal há poucos dias, tendo como alvo mais de 53 mandados de busca e apreensão, nas residências oficial e particular do Presidente da Câmara Federal; de dois minitros do Governo Dilma, de um ex-ministro e senador da República,, na séde do PMDB em Alagoas, de deputados e senadores, enfim, um montão de gente importante, tendo ficado de fora o Presidente do Senado, devido a não autorização ao pedido do procurador Geral da República, por parte do Ministro Teori Zavaski, relator da Operação Lava Jato , no Supremo Tribunal Federal. Todos os pedidos de busca e apreensão tiveram como alvos políticos e dirigentes ou ex-dirigentes públicos, ligados ou pertencentes ao PMDB e que estão na famosa “Lista do Janot”.
Da referida lista constam 14 senadores, 28 deputados federais, além de 14 ex-deputados federais e a ex-governadora do Maranhão e o Ex-Governador do Rio de Janeiro, no caso dos ex-governadores, todos do PMDB. Mais da metade dos deputados que estão sendo investigados pertencem ou pertenciam ao PP. Entre os senadores investigados fazem parte uma exministra, um ex-ministro, um ex-presidente da República. Cabe destaque também que tanto o Presidente da Câmara quanto do Senado estão sendo investigados, além de já estarem presos o ex-lider do Governo Dilma no Senado e o ex-ministro chefe da casa civil de Lula, e mais um ex-tesoureiro do PT e diversos empresários de peso, que tinham livre acesso no palácio do Planalto, onde o povo jamais pode entrar, apesar de pagar impostos que mantém a máquina pública e os privilégios e mordomias dos donos do poder.
Diante disso, parece que ao dirigir as operações dos últimos dias apenas contra pessoas investigadas ligadas ou pertencentes aos quadros do PMDB, pode, sim, representar um certo direcionamento que também beneficia o Governo Dilma, na medida que deixa de fora políticos suspeitos e investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e outros crimes de colarinho branco, pertencentes ao PT, ao PP, ao PTB e de outros partidos que fazem parte da base do governo Dilma.
Todos sabeem que a aliança entre PT e PMDB, é um ajuntamento fisiológico, afinal o PDMB participou durante 08 anos do Governo FHC e chegou a indicar a candidata na Chapa de Serra, quando a coligação PSDB/PMDB perdeu as eleições em 2002 para Lula.
Todavia, tão logo Lula foi eleito, o PMDB aderiu ao Governo petista e desde então não largou mais o osso, era e continua a fase do “toma lá, dá cá”, participando do balcão de negócios dirigidos pelos governos Lula/Dilma, onde a moeda de troca para o apoio politico são as nomeações de ministros, ocupantes de segundo, terceiro escalão, dirigentes de Estatais, inclusive na Petrobrás, que foi roubada durante esses últimos 15 anos, de uma maneira vil e também as famosas emendas parlamentares.
Como os ratos que percebem quando o navio está afundando e pulam na água na esperança de se salvarem, também os políticos trocam de lado, pulam do barco politico, sem a mínima cerimômina, quando percebem que um determinado governo está afundando, como é o caso do Governo Dilma, que, segundo pesquisas do início desta semana, em que 70% da população consideram seu governo ruim ou péssimo e apenas 9% avaliaram como ótimo ou bom. Pior ainda quando os entrevistados são indagados se confiam ou não na Presidente. O resultado indica o que o povo está sentindo: 78% não confiam na Presidente e apenas 18% confiam. Este sentimento é o mesmo em ambos os sexos, faixas etárias, regiões do país, níveis de renda e de escolaridade e tamanho das cidades. Ou seja, Dilma é a presidente mais rejeitada ao longo dos últimos 30 anos, desde o início do Governo Sarney.
Diante disso, vendo que se continuar atrelado ao PT poderá ir ao naufráfio político, o PMDB está iniciando o desembarque do Governo Dilma e tem imposto várias derrotas `a mesma nos últimos meses. A opinião pública sabe muito bem que hoje, o maior inimigo do PT não são os partidos de oposição, mas sim o PMDB que caminha a passos rápidos para bandear-se para o outro lado, com vistas as eleições municipais de 2016 e as eleições gerais de 2018.
Tudo isso depende da velocidade da operação Lava jato, principamente as sob a responsabilidade do STF, que está muito devagar, diferente das investigações e condenações em Curitiba, sob a batuta do juiz Sérgio Moro que correm rápido, as que tem como investigados parlamentares e outras figuras importantes que gozam de “foro especial”, um privilégio só existente no Brasil, pode ajudar a enjaular mais gente importante ou engrossar o rol da impunidade, beneficiando, como sempre, os criminsos de colarinho branco.
Essas operações contra políticos acusados de corrupção são importantes e devem continuar, mas não pode escolher investigados que pertencem a um determinado partido, deixando outros de fora; deve ir mais a fundo e pegar todos os que ,comprovadamente , roubaram dinheiro público.
Da mesma forma, não pode embaralhar o foco principal que é a questão do impeachment. O povo quer tanto que os políticos e demais corruptos investigados na operação Lava Jato sejam punidos, quanto a Presidente Dilma encerre o seu mandato o mais breve possível. Todas as pesquisas de opinião pública indicam isso. Impeachment ou renúncia é a chave para desatar este nó em que o PT colocou o Brasil.
Em Brasilia, tanto no Congresso, quanto nos Poderes Executivo e Judiciário, só existem cobras criadas, vorazes e a luta entre essas cobras é muito grande, cada uma querendo engolir as demais, incluindo gente importante que age como eminências pardas e desejam retornar ao poder, afinal do poder emana privilégios e muitas mutretas, o que menos conta são os interesses e as necessidades do povo brasileiro.