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22/07/15 às 18:09 | Atualizada: 22/08/15 às 10:21

O Político Carniceiro

Carniceiros são animais que baseiam sua alimentação em organismos em decomposição. Aproveitadores das casualidades esses seres regorjeiam ao cheiro e ao gosto da desgraça alheia. Dito isso, deixa-me esclarecer que esse artigo não trata de biologia, mas de politica. Sim, infelizmente essa tem muita de carniceira, especialmente no Brasil.

O político carniceiro sobrevoa a população constantemente em busca de alimento. Sujeito ligeiro, não perde a oportunidade de afundar suas presas naquilo que for adequado. Um sujeito é esfaqueado enquanto anda de bicicleta no Rio? Proibimos o porte de facas! Claro, porque não? É fácil, é oportuno, é prazeroso. É como carniça para um urubu. O governo está em meio a uma crise de credibilidade, o país em recessão precisando de reformas de austeridade? Vamos barrar essas reformas! Claro, por que não?! É bom para nós, péssimo pra imagem do governo e o povo... O que tem o povo?  O carniceiro não está nem aí.

Não confunda, contudo, um politico carniceiro com um incompetente. Os dois trazem mazelas ao povo que governam, mas divergem em sua motivação. O primeiro é um ser de natureza egoísta e rasteira, enquanto o outro é, bem, apenas incompetente. É importante saber que existe uma diferença.
Em um dos últimos exemplos da política desses aproveitadores, está a absurda ideia de emplacamento das máquinas agrícolas. Obra de carniceiros, a PEC que tratava do assunto não especificava a cobrança do imposto para o veículo, o IPVA.  Mas quem conhece os caminhos escuros do Estado e das leis sabe que onde há uma porta sempre existirá alguém disposto a cruza-la. Nesse caso, a cobrança de tal imposto beneficiaria imediatamente com uma verba extra, toda uma classe política interessada em sustentar seus projetos de governo. É como uma presa moribunda baqueando sob o sol quente. Os carniceiros simplesmente não poderiam evitar. Era só uma questão de tempo.

Não preciso dizer como tal taxação seria absurda. Em vez de mais recursos para a população, a cobrança de tal imposto diminuiria ainda mais a já aperta renda do produtor rural brasileiro, levaria ao envelhecimento da frota (já que máquinas mais novas possuem imposto maior), acarretaria perca de competitividade do setor agrícola  com o mercado externo, ocasionaria a queda nas vendas da indústria que produz esses veículos, por conseguinte a diminuição do investimentos dessa, a  demissão de muitos de seus empregados e por ai vai, em um efeito dominó da idiotice. É claramente uma péssima ideia, mas há ainda aqueles que a defendem. Incompetentes? Dificilmente. Isso é obra de político carniceiro.

A perspicácia para identificar um político carniceiro em uma época de crise econômica como a que o país passa hoje, nunca foi tão necessária. Infelizmente carniceiros não andam (ou voam) sozinhos, mas sim em bando, e em momentos de recessão como esse eles se multiplicam. São aqueles que carregam muitos na conversa fiada da salvação fácil, da tomada do caminho mais curto, dos excessivamente otimistas. Pura balela. No mundo real não existem atalhos para o sucesso. Então tenha cuidado e protejam seus olhos, pois o céu está tomado por esses urubus de terno.

Nas próximas semanas publicarei novos artigos sobre o tema política, em um esforço pessoal para levantar uma espécie de “guia para o eleitor”. Através dele espero fornecer ideias e fomentar raciocínios que permitam ao eleitor identificar e separar o joio do trigo na política. Porque sim, existe vida inteligente e honesta na política, e eles precisam do nosso apoio. É hora de espantar os carniceiros e abrir o caminho para águia das boas ideias.

 
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