Artigos / Juacy da Silva

16/11/15 às 20:14

REVERÊNCIA A MILHÕES DE MORTOS

No ultimo dia 15 deste mes de novembro, no Brasil comemoramos  a Proclamação da República, quando civis  e militares positivistas colocaram fim ao Império, forma de governo já naquela  época denunciada por muitos, inclusive por Rui Barbosa,  como a quintessência  da corrupção.
 
Passados exatamente 126 anos de vida republicana, a praga da corrupção parece  estar muito maior do que quando do fim do Império. Mas  esta é outra estória que pode estimular  melhores reflexões  de como a corrupção é o fio de ariádne, tecendo o pano de fundo da vida nacional por vários séculos, desde o descobrimento até os escândalos do MENSALAO, DO PRETOLÃO/LAVA-JATO,  e outros que ainda  estão aguardando que sejam  decifrados pelas investigações nos Estados e no país como um todo.

 
O dia 15  de novembro  também é dedicado, pela ONU, através  da Organização Mundial da Saúde, para reverenciar milhões  de mortos cujas vidas preciosas são ceifadas todos os anos em acidentes de trânsito, nas estradas, rodovias, ruas e avenidas do mundo todo, inclusive em  nosso pais, como bem atestam as estatísticas tanto de organismos internacionais quanto de entidades brasileiras.
 
De  acordo  com o relatório mais  recente, de 2015, da OMS-Organização Mundial de Saúde,  intitulado Rodovias seguras, os acidentes de trânsito foram  responsáveis em 2014 por 1,25 milhões de mortes, ou seja,  3.425 pessoas perderam a vida nesses acidentes. Enquanto o mundo todo, principalmente a grande mídia  ficaram  consternados pelos atentados do último final de semana quando foram assassinados pelo terrorismo 129  pessoas, todos os dias, todos os anos, os  acidentes de trânsito matam 26,6  vezes mais do que atentados terroristas. Isto é como se todos os dias, durante vários anos seguidos acontecessem 27 atentados como os últimos ocorridos em Paris, mas pouca ou praticmento nenhuma comoção é notada quando milhões de pessoas são mortas em acidentes de trânsito.
 
Só no Brasil, que  está  entre os cinco países com  maiores taxas e número de mortes, verdadeiros assassinatos ao volante, em 2013  morreram 46.935 pessoas. Entre  1980  e 2013,  o total de mortes no trânsito em nosso país chega a 1.070.773,  uma verdadeira chacina que não commove nem nossas autoridades e nem a opinião pública, deixando apenas sofrimento  e saudades para as famílias que tenham perdido seus entes queridos  e  a certeza de que a  impunidade para  este tipo de crime vai  continuar seu caminho.
 
Cabe também destacar que as taxas de mortalidade em  acidentes de trânsito são maiores nos países e nas  regiões mais pobres e subdesenvolvidas do que em países  e  regiões do mundo mais rico e desenvolvidos, tomando-se como referências  o PIB , população e número de veículos. A média mundial de mortes em  acidentes de trânsito por 100 mil habitantes é de 17,4; sendo a maior na África com 26,6 e a menor na Europa com 9,3. Neste aspecto, o Brasil está muito mais próximo dos países africanos do que dos europeus, pois tem uma taxa de 23,4 para cada grupo de 100 mil habitantes.
 
Segundo o relatório da ONU/OMS  as mortes por acidente em trânsito representam uma  grande perda em termos de vidas humanas, principalmente se considerarmos que a maioria das vítimas estão  em plena juventude ou idade produtiva, além  de perdas econômicas, em torno de 3% do PIB mundial e , no caso do Brasil, essas perdas representam 5% do PIB. 
 
Considerando o ano de 2015, quando o PIB mundial nominal deverá ser de US$78,28 trilhões de dólares  as perdas ou custos por mortes em acidentes de trânsito deverão ser US$ 2,35trilhões  de dólares. Tais custos para o Brasil neste ano (2015), tendo em vista a recessão nosso PIB, mesmo assim, será de US$1,8 trilhões de dólares,  caindo para a nona posição no ranking mundial, os custos das mortes por acidente de trânsito serão de US$ 90 bilhões de dólares ou R$ 350 bilhões  de reais, mais do que a soma dos orçamentos dos ministérios da saúde, da educação e do desenvolvimento social.
 
Uma  última informação, os  dados do relatório da OMS deste ano indicam que os acidentes de trânsito representam a principal  causa de mortalidade para pessoas com idade entre 15 e 29 anos, seguindo-se pelos suicídios, a  Terceira HIV/AIDS e a quarta assassinatos. Todas essas causas passíveis, principalmente de mortes no transito, de serem reduzidas e evitadas, desde que existam leis com penalidades mais pesadas, maior fiscalização, menos corrupção e maior responsabilidade, principalmente por parte de condutores, além, é claro de infra estrutura urbana e nas rodovias para garantirem um tráfego seguro.
 
Convenhamos. além de reverenciarmos mais de um milhão de pessoas que morreram em acidentes de trânsito no Brasil nas últimas tres  décadas, e mais de 12 milhões no mundo nos últimos dez anos, devemos fazer  um grande esforço para que essas taxas  absurdas de mortalidade em nosso país sejam reduzidas drásticamente como fizeram vários países como a China, os EUA, a Austrália, a Coréia do Sul, o Japão e praticamente todos os países europeus.
Juacy da Silva

Juacy da Silva

Juacy da Silva, professor titular aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral.
E-mail profjuacy@yahoo.com.br
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