Artigos / Juacy da Silva

09/11/15 às 19:37

SAÚDE PÚBLICA E PADRÕES DE MORTALIDADE

O padrão  demográfico  dos países sub-desenvolvidos e em desenvolvimento é muito diferente dos desenvolvidos. Nos primeiros,  por  um longo período ocorre altas taxas de fertilidade, fecundidade e de natalidade e ao mesmo tempo  altas taxas de  mortalidade. A expectativa de vida é bem  menor nesses países do que nos desenvolvidos.  Em alguns países  e em certos períodos de sua evolução histórica a chamada esperança de vida  ao nascer não  ultrapassa  40  ou 50  anos, enquanto nos desenvolvidos chega a 85 ou mais anos de idade. O número de pessoas centenárias é praticamente  inexistentes  dos países subdesenvidos ou emergentes  e crescente  nos desenvolvidos.
 
Com o avanço  da medicina , do desenvolvimento da ciência e da tecnologia,  dos níveis eduacionais, da presença  da mulher no Mercado de trabalho, casamentos mais tardios, de práticas mais higiênicas e de cuidados com a saúde, incluindo o surgimento de vários tipos de vacinas, dos amtibióticos e outros medicamentos mais avançados e também  pela  urbanização crescente, acompanhada de tratamento  da água  e da ampliação  do saneamento básico, coleta de lixo, controlede vetores, as taxas de mortalidade geral e infantil decorrentes das chamadas doenças  de massa,  parasitárias  e assemelhadas  cairam drásticamente  em todos os países em poucas décadas , tanto nos países desenvolvidos quanto e principalmente nos sub-dsenvolvidos e emergentes  com alguamas  excessões, como, por  exemplo, nas regiões norte, nordeste e periferias urbanas no Brasil.
 
Como nem sempre aconteceu uma redução nas mesma proporcionalidade das taxas  de fecundidade, natalidade e fertilidade, a consequência  imediata  foi a aceleração  do crescimento populacional, em alguns países ou regiões ocorreu uma verdadeira  explosão  demográfica, com  consequências sociais, políticas, econômicas  e na  gestão pública. A pressão  demográfica em certos momentos era ou ainda é maior do que a capacidade dos países, sociedades e governos em prover bens  e serviços que  atendessem  ou atendam  as necessidades  e aspirações dessas grandas massas humanas, gerando frustração  e conflitos, principalmente por parte da população excluida, que, principalmente nos países sub-desenvolvidos e em desenvolvimento,  representa mais  de dois terços do total  da população.
 
Somente  a partir  das décadas de 1960  e 1970 ou até meados da década  de 1980 , com o surgimento, divulgação  e uso massivo de práticas anticonceptivas, como pílulas, condon/camisinhas, ligaduras de trompas, DIU ou até mesmo a legalização do aborto como prática para reduzir o número   de filhos, como aconteceu , neste ultimo caso na China  com a política de cada casal apenas um filho, apesar  da oposição  de inúmeros grupos religosos e convervadores  nessas sociedades,  em inúmeros países as taxas  de fecundidade, natalidade e de fertilidade cairam rápidamente e em  uma geração,  tempo de aproximadamente 30  anos,  o crescimento populacional passou a ser quase que apenas de reposição populacional ou crescimento zero.
 
A  partir  desta  trasição demográfica, que  os países desenvlvidos experimentaram ao longo de quase um século ou mais, os países sub-desenvolvidos e emergentes passaram a conviver com dois modelos ou padrões de mortalidade. Um  ainda relacionado com doenças de massa, como diarréias, tuberculose, malaria, dengue, sarampo, lepra,  mortalidade neo-natal, mortalidade materna e, ao mesmo tempo, com  a mortalidade que é  característica dos países desenvolvidos, que é  decorrente de doenças crônicas e degenerativas  como cardiopatias, diabetes, doenças decorrentes da obesidade, vários tipos de câncer, Alzheimer, parkinsons, demências,  doenças degenerativas   e também outras  causas  externas  como violência/assassinatos, mortes por acidentes  de trabalho , no trânsito e suicídios.
 
O Brasil, apesar de ser atualmente a oitava economia do mundo,  já  chegou a ser a sexta e  está  a caminho de ser a décima  em poucos anos, a continuar o  desastre econômico  promovido pela incompetência e falta de rumo/projeto do atual governo, em  termos de demografia,  situação sócio-econômica  e padrões culturais  está  exatamente no meio desta transição  demográfica e epidemiológica.
 
Em nosso país os índices de fertilidade, natalidade e de fecundidade e de crescimento populacional cairam drásticamente  a partir do final dos anos 1980  e se intensificaram  desde então. Por muitas décadas o Brasil era caracterizado por altas taxas de fertilidade, natalidade  e fecundidade mas  também altas taxas de mortalidade, resultando em baixos índices  de crescimento populacional, isto até  final das décadas de 1940 e 1950. A seguir, por duas out res décadas  presenciamos uma redução drástica nas  taxas de mortalidade e um aumento rápido da população, seguindo-se depois uma queda mais repentina  dos índices de crescimento  populacional.
 
A partir do final dos anos 2010, o padrão demográfico indica uma mudança  significativa  com o envelhecimento rápido da população. A participação da faixa  etária de 60 anos e mais está aumentando muito mais do que a da população  de zero  a cinco anos. Isto significa  que nas próximas décadas  o Brasil  vai ter muito mais idosos do que crianças  e isto deve repercutir  em todas as políticas públicas, principalmente de saúde, educação, mobilidade e previdência social, para mencionarmos apenas algumas dessas politicas.
 
Esta mudança tem  um efeito direto nos padroões de mortalidade e completa tanto a transição  demográfica mas não é seguida na mesma proporcionalidade em termos de transição  epidemiológica e de mortalidade. O Brasil continua a enfrentar altas taxas de mortalidade por doenças de massa, incluindo ainda uma grande incidência  de mortalidade  infantil, mortalidade materna e neo-natal   e  ao mesmo  tempo uma participação mais significativa da mortalidade relacionada com as doenças crônicas, próprias dos países desenvolvidos e com piramide etária mais evelhecida.
 
Por essas razões o desafio que o nosso país vai enfrentar é destinar  recursos orçamentários, financeiros, humanos e tecnológicos para que os organismos de  saúde pública possam prover  os cuidados e atenção primária, voltados  para as doenças de massa  quanto e mais recursos financeiros e equipamentos mais sofisticados para atender as necessidades de tratamntos mais complexos e mais caros relacionados com as doenças crônicas e degnerativas, próprias de populações mais envelhecidas.
 
Esta questão é  importante para a definição  dos rumos da saúde pública no Brasil com vistas `as próximas  décadas, caso contrário o caos que presenciamos  na saúde pública na atualidade  vai se agravar  e a população  que já está sofrendo  vair acabar  morrendo simplesmente por falta de atendimento, principalmente as camadas mais pobres que dependem única e exclusivamente do SUS para seus tratamentos e o  direito `a vida, direito este muito desrespeitado pelos nossos  governantes nas últimas décadas, apesar da Constituição  “cidadã”  conter dispositivos que estabelecem  que  “saúde é direito das pessas  e dever do Estado”.
 
Como transformar  o  sonho dos Constituintes  e do povo que foi para as ruas defender a democracia  e as “diretas já”  em realidade palpável e verdadeira? Este é o grande desafio do momento.
Juacy da Silva

Juacy da Silva

Juacy da Silva, professor titular aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral.
E-mail profjuacy@yahoo.com.br
Instagram @profJuacy
WhatsApp 55 65 9 9272 0052
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