Artigos / Rosildo Barcellos

15/10/18 às 19:42

Dez Anos de Sonhos

Foto: Divulgação

Com sinceridade eu diria que, perdido para nós, seria aquele dia em que não se dançou nem por um minuto e “fake” toda a verdade que não terminasse com um sorriso. E assim aconteceu com a música, trazendo em cada um de seus estilos, as  suas histórias de alegria e de dor. O funk brasileiro, tem suas raízes no Brasil da década de 1970, com vários estudiosos afirmando que foi oriundo dos Estados Unidos, com expoentes como James Brown e influências do jazz e de ritmos africanos. Na década de 1980, o som eletrônico de DJs comandava os aniversários e festas particulares no arrebol do Rio de Janeiro. E os concursos de rap entre os frequentadores dos bailes na década de 1990 ajudaram a disseminar o gênero.  Fica fácil notar que a contracultura, produção artística da década de 1960, trazia nas suas letras, roteiros e ideologias as tensões sociais vividas no contexto político amplo do final da Segunda Guerra Mundial e a entrada subsequente do mundo na Ordem Bipolar. Neste contexto, o funk, como uma das vertentes da música de protesto dos EUA, era meio de reivindicação social e voz daqueles imersos na invisibilidade entre capitalistas e socialistas.

   Certamente que ainda vamos saber e entender a importância do funk dentro dessa nossa cultura nacional. Já debati muito sobre isso. Para mim, é um ritmo que abarca muitos envolvimentos, passando pelo  crescimento do consumo, conscientização de raça, pertencimento de classe o desejo pelo feminino; Em 2000 foi criada a Lei nº 3410/2000 que delimitou as condições em que poderiam ser realizados os bailes funk na cidade do Rio de Janeiro. Em 2008, a Lei Álvaro Lins enrijeceu a Lei de 2000, impondo uma série de restrições às realizações de bailes funk e festas raves. Porém, em 1º de setembro de 2009, foi promulgada a lei que alçou o Funk Carioca a “patrimônio cultural” do Estado do Rio de Janeiro, e no mesmo dia revogou-se a Lei Álvaro Lins e nesse caminho, o nosso estado tem seu representante, alcançando uma década de carreira, escolheu alavancar ainda mais sua carreira em 2018, dividindo os palcos com suas participações nos programas da Rede Globo local “TV Morena”.

   Mc Negão neste dia 17 de outubro, lança seu primeiro trabalho nacional em um canal que é o segundo maior no “seguimento funk” www.youtube/gr6filmes. Independente de qual ritmo cada um de nós gosta mais, ou de Mato Grosso,  ter tendência sertaneja, na concepção rasa, o som sempre teve algo de misterioso, onipresente e, ao mesmo tempo, evanescente. O som não se rende facilmente a um raciocínio acostumado com coisas, locais e configurações estáveis. Mas nesse artigo eu preciso ir além do termo  “música”, pois falaria  naturalmente de ritmo, tonalidade, melodia, cantiga, instrumento, ou até mesmo de harmonia, compasso, cadência, escala, sonoridade e  timbre. Mas eu quero realmente falar de perseverança, e porque a força de dentro deva ser maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. Será maior, porque é do bem. Foram dez anos de sonhos, e nisso, sim, que devemos acreditar. Cada um do seu jeito, mas um mesmo Deus, um mesmo objetivo, e somente um destino: o destino da felicidade.
Rosildo Barcellos

Rosildo Barcellos

 Rosildo Barcellos é Crítico Musical, Articulista e Conselheiro da Cultura
 
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