Artigos / João Baptista Herkenhoff

26/05/18 às 16:01

As letras e a paz

O primeiro desafio que enfrento, quando me coloco à frente do computador para escrever um artigo é a escolha do tema.
 
Às vezes a inspiração mergulha no silêncio e nada me ocorre. Outras vezes pululam na mente dezenas de possibilidades.
 
Entre o completo vazio interior e a voz estridente de uma pluralidade de assuntos, há uma situação particularmente delicada. É quando dois temas, apenas dois disputam atenção, como está ocorrendo neste momento.
 
Devo tratar de Literatura, já que comemoramos recentemente o aniversário de fundação da Academia Espírito-Santense de Letras, a mais importante instituição cultural do Estado onde moro?
 
Opto por matéria de sabor local (academia de letras plantada no solo capixaba); ou alargo a vista além-fronteiras para cuidar da Síria distante, encravada entre a Jordânia, o Iraque, a Turquia e o Líbano?
 
Que tal fundir as matérias e falar sobre a relação entre as Letras e a Paz?
 
A Literatura, em alguns de seus mais gloriosos vôos, exaltou a Paz (Tolstói, Hemingway, por exemplo). Entretanto outras vezes a Literatura, ainda que em obras inexpressivas, pactuou com a Guerra.
 
Vejo a Literatura a serviço da justiça e da verdade, opondo-se a tudo que nega esses valores. O escritor engrandece seu ofício quando, através da pena, torna-se profeta de um mundo novo, pacífico, solidário e justo.
 
A academia é um espaço de convivência entre pessoas que vivem na dimensão do ser, pessoas que buscam a construção da fraternidade. Multipliquem-se as academias no território brasileiro e estaremos construindo uma rede de defensores do diálogo, da compreensão, da fraternidade universal.
 
A ideia de paz acolhida nas mentes e corações resulta de uma busca da inteligência e da vontade. O grande desafio é: disseminar o sentido de paz em todo o organismo social; educar para o florescimento, a manutenção e a defesa da paz; plasmar uma cultura da paz radicada no inconsciente coletivo.
 
Esse esforço educacional terá, necessariamente, diversos artífices, diversas fronteiras de atuação. Papel fundamental cabe a aqueles que fazem da palavra estrita ou falada seu instrumento de trabalho.
 
A luta a favor da paz não é fácil. Interesses econômicos monumentais sustentam as guerras. Na maior potência do mundo, alternam-se governos, mudam os atores que tomam lugar no palco, mas a política belicista não é de todo eliminada.
 
          É livre a divulgação deste artigo, por qualquer meio ou veículo, inclusive através da transmissão de pessoa para pessoa.
João Baptista Herkenhoff

João Baptista Herkenhoff

João Baptista Herkenhoff é juiz de Direito aposentado (ES), possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito do Espírito Santo (1958), mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1975) e livre docência na Ufes (1979). Pós doutorado em Wisconsin (1984) e na Universidade de Rouen (1992).

Atualmente é Coordenador Pedagógico do Curso de Direito da Faculdade Estácio de Sá no Espírito Santo e Professor Pesquisador da mesma instituição e m
inistra cursos de pequena duração sobre Direitos Humanos.
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