Artigos / Dr. Orlando Barreto Neto

20/05/18 às 13:08

A primeira relação sexual após o parto!

Resguardo é o período indicado pelos médicos para que o útero se restabeleça após o nascimento do bebê, independentemente de ter sido cesárea ou parto normal. Esse período pode levar em média 40 dias e pode variar de mulher para mulher.

Mas o resguardo quando relacionado ao assunto sexo pode virar um grande medo ou até mesmo causar grandes dúvidas. Não chega a ser um tabu, mas é praticamente um: sexo no resguardo!  Alguns casais são impedidos de terem relação sexual durante a gravidez. A maioria das razões que fazem com que isso aconteça, são problemas durante a gestação ou seja, abstinência por risco ou por repouso da mulher.

Aí sabe como é né, o marido ou companheiro por mais compreensivo que seja, mesmo sabendo do risco, às vezes força a barra para ter relações sexuais pós-parto, mesmo ainda estando na menstruação pós-parto. A vontade fala mais alto e aí, como fazer? Ás vezes passar por cima dos cuidados pós-parto acontece e não julgo, não critico. Afinal, cada mulher sabe o limite do seu corpo.
Mas vamos nos concentrar na primeira relação pós-parto. Ela costuma ser mais dolorida e sabe o porquê? Porque a umidade vaginal está mais baixa. Logo após o parto, a ocitocina e a prolactina tomam conta do corpo da mulher, e isso deixa as partes íntimas mais secas do que costumam ser normalmente.

Já vi casos de 9, 12, 15 dias de resguardo em que a mulher teve sua primeira relação sexual e nada aconteceu, outros casos em que mesmo depois de 60 dias de cuidados pós-parto a dor foi a mesma. Essa sensação foi comparada à primeira relação sexual. Não é nada fora do normal, mas é uma sensação diferente.

Mas vamos sem precipitações, essa retomada tem tudo para se transformar em uma segunda lua de mel. Mas é preciso compreensão, paciência e afeto.

Sexo não se resume à penetração. A maioria dos casais tende a considerar sexo apenas a relação genital. Mas não é bem assim, principalmente em uma fase em que a mulher se recupera de um parto. A dica aqui é abusar de abraços, beijos e carícias. Dar as mãos sempre que possível, não poupar afagos, trocar galanteios e provocações, enfim, manter acesa a chama que une o casal. É claro que estão ambos exaustos, mas reserve alguns instantes para esses jogos de sedução, na hora do banho, no momento de dormir ou mesmo na cozinha, de surpresa. E deixe que o clima vá esquentando no decorrer das semanas, sem pressa!

Separei uma dúzia de dúvidas das nossas pacientes que vamos tirá-las nesse momento:

 
  1. Quando a mulher pode voltar a ter relações sexuais?
De 30 a 40 dias depois do parto. Este é o período em que o interior do útero estará se refazendo das mudanças ocasionadas pela gravidez. Além disso, nessa fase, a penetração, além de dolorosa, aumenta o risco de a mulher desenvolver algum tipo de infecção no útero. Mas atenção!  “interromper a relação sexual não significa interromper as carícias e o contato entre o casal” afirma o Dr.  Orlando Barreto!

      2. Se estiver se sentindo bem antes da alta médica, as relações estão liberadas?
O recomendado é que não. Independentemente de ter sido realizado um parto vaginal ou uma cesárea. Lembre-se: seu organismo está se recuperando e isso leva tempo.

     3. O parto normal muda a parte interna da vagina? Ela volta ao que era antes?
Sim, mas para isso a mulher deve investir em exercícios. O tecido vaginal e a musculatura ao seu redor são elásticos para permitir a passagem do bebê. Eles estão preparados para todo esse processo. Porém, para a recuperação, é indispensável fazer exercícios específicos para fortalecer os músculos da vagina. O ginecologista pode prescrever alguns deles, sempre com o apoio de um bom fisioterapeuta.

     4. Em caso de cesárea, é preciso esperar ela cicatrizar para voltar a fazer sexo?
Sim. E esse tempo gira em torno de 30 a 40 dias. A restrição é necessária porque existe o risco, apesar de raro, de o corte infeccionar.
 
     5. O sexo no pós-parto pode mudar e ser menos prazeroso?
A libido da mãe e do pai pode ser alterada pela rotina da casa, que passa a se pautar pelos choros do recém-nascido e pelas novas preocupações. Assim, a disponibilidade e a importância dada para as relações sexuais mudam e interferem na dinâmica do casal. Fisiologicamente, o sexo no pós-parto não é menos prazeroso. Há relatos de casais que consideram exatamente o oposto. Mas para isso é importante que marido e mulher tenham, além do planejamento de ter um filho, o hábito de conversar a respeito do que eles podem fazer para preservar a vida a dois. E atenção, o carinho, a cordialidade e a capacidade de se colocar no lugar do outro devem fazer parte do relacionamento.

     6. É normal a lubrificação diminuir?
“Após o parto, os níveis hormonais da mulher ficam mais baixos e isso faz com que a mucosa vaginal fique ressecada e menos lubrificada” explica o obstetra. A própria prolactina, o hormônio que tem a função de estimular a produção de leite, não ajuda muito e pode inibir a libido da mulher e, por consequência, a lubrificação. Enquanto a mãe estiver amamentando, esse quadro pode se prolongar.

     7. É normal sentir dor nas primeiras relações?
A dificuldade na lubrificação pode dificultar o sexo e às vezes causar dor e desconforto. A tendência é que, com o retorno da menstruação, os hormônios se estabilizem e o sexo volte a ser prazeroso do início ao fim.

     8. Existem posições mais indicadas para essa fase?
Não. Existem as posições em que o casal se sente mais confortável.

    9. Há algum problema em fazer sexo anal nesse período?
O sexo anal é visto por alguns casais como uma alternativa ao período de resguardo. Mas vale saber que ele aumenta o risco de a mulher desenvolver uma infecção, principalmente no útero. “Nesse período de recuperação, é melhor evitá-lo” recomenda o nosso médico.

    10. Tudo bem receber sexo oral no pós-parto?
Sim. Não há contraindicações para o sexo oral.

   11. Durante uma relação, o leite pode jorrar? Como lidar com isso?
A reação a esse e a muitos outros imprevistos que surgem na vida vai depender do casal e do relacionamento que foi construído antes mesmo de se pensar na gravidez. Há quem veja o leite jorrar durante o sexo com naturalidade e quem ache nojento. Mas uma dose de bom humor e cumplicidade é essencial e faz com que ambos superem tais situações com facilidade.

     12. E quando o marido perde o interesse por sexo?
Não é só a mulher que enfrenta desafios no pós-parto. O homem passa por uma revolução – menos hormonal e mais emocional. Com a chegada do pequeno, ele assume um novo papel, o de pai. E, para muitos, mãe e sexualidade não combinam. “No imaginário ocidental, a maternidade não combina com o sexo. Essa divisão de sexo como pecado, como algo negativo, acaba não batendo com a pureza cobrada da maternidade. Para completar, o bebê vira o centro das atenções e, por consequência, não raro maridos e companheiros se sentem abandonados pelas mulheres. Aos homens, sobra frustração. E esse cenário só muda e evolui com um remédio: o diálogo franco, sincero e respeitoso” complementa o Dr. Orlando Barreto, Ginecologista e Obstetra da Clínica Fertilità em Umuarama.

Viva Bem Viva com Saúde!
Dr. Orlando Barreto Neto

Dr. Orlando Barreto Neto

Orlando Barreto Neto é médico obstetra e ginecologista no Paraná (CRM-PR 32.481).
 
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