Artigos / Maria Augusta Ribeiro

18/07/17 às 12:30

A Busca pela Singularidade Digital

Cada vez mais temos a necessidade de ser curtidos, compartilhados e adorados no digital. Da selfie bacana ao conteúdo publicado, a vontade de sermos incomuns e chamarmos a atenção para nós mesmos é global. E a busca por algo que faça sentido é tendência mundial.
 
Desejamos ser protagonistas de nossa história, produzir nosso próprio conteúdo e consumir somente o que nos transmite valores pelo digital. E a vontade de ser único, desejado e particular tem se transformado num segmento onde quem é de fato relevante é a tecnologia.
 
O que antes era pensado apenas como evolução tecnológica, fez de nós pobres mortais que precisam estar conectados para interagir. Se, ao mesmo tempo, temos os benefícios da conexão sem fronteiras que nos transforma, os limites impostos pelo desejo de sermos únicos e amados o tempo todo também gera impactos.
 
Eu sou analógico e não me enquadro nessa busca pela singularidade digital. Mentiraaaaaa! Até o mercado da terceira idade é amplamente explorado em ambiente virtual.
 
Você faz imposto de renda? Publicou algo impresso? Tirou foto com alguém? Se sim para alguma dessas perguntas, com certeza está digitalizado. Acredite, somos 7 bilhões de habitantes no planeta terra, e 4 bilhões têm acesso à internet.
 
Se amanhã você se tornasse a celebridade mais desejada do mundo apenas contando suas atividades diárias, o que me diria? Que não quer? Ou que não deseja ser desejado? Amado? Recompensado?
 
Isso é o que muito blogueiro, youtuber e produtor de conteúdo é, hoje em dia. E mesmo que não seja do seu gosto, acabam por incentivar mercados, viram referência, e se tornam verdadeiros unicórnios e ícones para gerações de seguidores.
 
 
E, como identificamos que somos destinados à busca pela singularidade digital? Não precisa muito. Pense em algo que deseja: um bem de consumo, um sentimento, e até uma experiência. Coloque no Google e veja quantas respostas a ferramenta te disponibiliza.
 
Do belo ao grotesco, tudo é uma questão de satisfação e busca pelo extraordinário digital. No real, muitas dessas buscas seriam impossíveis, já que não é porque deseja conhecer o Everest que precisa ter preparo físico para escalar o pico. Mas se colocar  no google pode ter acesso a informações, fotos e experiências que nao teria se nao o escalasse.
 
Por mais que pareça banal, a revolução tecnológica via smartphone dos últimos 10 anos impactou sobremaneira nosso comportamento. Somos hipnotizados por telas cada vez mais conectadas, brilhantes e de fácil acesso.
 
E isso acaba por impactar nosso desejo por um amor que se transverte de seguidores, curtidas e compartilhadas. Ninguém precisa passar horas navegando na internet para perceber isso. Mas, o que as pessoas estão deixando de observar, é como essa busca pelo unicórnio que nunca irá chegar vai impactar na vida das novas gerações, que apenas reconhecem o amor via internet, e passam desapercebidos pelo afeto, toque e atenção.
 
O que acontece em ambiente virtual em um nível raso de milhões de youtubers que compartilhar o nada esta muito além do que é ser singular. Ser singular  no digital é interagir em na web igual você faz na sua casa, na sua escola e no seu trabalho.
 
E saber reconhecer que o outro também pode ser único, extraordinário  e que merece recompensa, mas para isso antes ha necessidade de trabalho duro, disciplina e resiliência.
Maria Augusta Ribeiro

Maria Augusta Ribeiro

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.
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