Artigos / Ernani Caporossi

06/07/17 às 17:20

Muito além da boca

Uma nova visão da Odontologia - não ver a boca como parte isolada, mas interligada a todo o corpo - tem estimulado novas pesquisas e, consequentemente, novas descobertas e novas formas de tratamento dentário. Estudos indicam existir uma relação muito próxima entre dentes e coluna cervical. Uma pessoa com mandíbula curta, por exemplo, apresenta uma maior curvatura na região do pescoço e, por extensão, em outras partes da coluna vertebral.

Único osso móvel da cabeça, a mandíbula é parte de um sistema que envolve diversos músculos e órgãos diretamente ligados à coluna. Uma mandíbula com problemas pode resultar, literalmente, em muita dor de cabeça, alterar o humor e até provocar distúrbios do sono.

Embora os estudos nesta área não sejam conclusivos, o fato é que o dia a dia da profissão vem acumulando uma série de resultados positivos.

Entender o movimento da mandíbula (em especial, a sua articulação com o osso temporal, responsável por todas as funções que necessitam de abertura da boca como falar, mastigar e bocejar), é poder trabalhar com diagnósticos que vão muito além da boca.

Como o caso de uma paciente, de meia idade, que descobriu a origem de uma dor em seu ombro, que a acompanhava há 14 anos, mesmo após passar por diferentes médicos, terapeutas e especialistas.

A causa estava nas muitas próteses dentárias, feitas ao longo da vida por diferentes profissionais, desalinhando a mandíbula e provocando muita tensão nos músculos da boca. A interligação desses músculos com a coluna vertebral culminou no problema no ombro.

Após um tratamento de dois anos, envolvendo vários procedimentos como implantes, cirurgia e realinhamento da mandíbula, a dor desapareceu. Esta interligação é propiciada por uma película, as fáscias, que envolve todos os músculos do corpo. Uma leve lesão da pelve pode, por exemplo, afetar a mastigação. Acredita-se que por meio destas películas pode-se chegar a causas de dores do dia a dia.

O importante para uma boa saúde bucal é o equilíbrio entre dentes e músculos da mastigação. Os músculos devem trabalhar de forma coordenada, harmônica. Caso contrário, se em desarmonia, pode prejudicar todo o sistema, inclusive o corporal.

Portanto, o equilíbrio bucal vai bem além da estética, pois pode ajudar na correção de problemas de postura. A boca já não pode ser mais vista exclusivamente como aparelho mastigatório, mas parte de uma estrutura que envolve processos respiratório, bioquímico e emocional.
Ernani Caporossi

Ernani Caporossi

O autor Ernani Caporossi é especialista em Dentística Restauradora e Prótese Dental, MBA em Gestão em Saúde, membro fundador da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE), da Academia Brasileira de Osseointegração (ABROSSI) e da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral (SBRO).

 
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