Por mais que acredite que o uso das redes sociais não tenha influência em nosso comportamento, a medicina discorda. E o que pensávamos que eram benefícios tecnológicos, começa a impactar na vida de que tem ou é propenso à depressão.
Antes que me diga que as redes sociais não influenciam nosso comportamento, faça a seguinte pergunta: Quantas vezes você acessa suas redes sociais por mês ? Isso inclui as tecladas no Whatsapp, os vídeos no Youtube e as redes corriqueiras.
Se a sua resposta foi 650 horas por mês, acertou. Isso mesmo! Os brasileiros são líderes em tempo gasto nas redes sociais. E isso significa dizer que estamos 60% acima da média de qualquer outra nação.
As redes sociais mexem com nosso instinto de reconhecimento social. Somos recompensados com curtidas, compartilhadas e seguidores, na medida que publicamos algo que cause empatia digital. Porém, esta interação não gera uma recompensa real, o que pode agravar a situação de quem tem quadro depressivo.
Segundo estudos recentes realizados pela Escola de Medicina de Pittsburgh, nos Estados Unidos, com jovens de 19 a 32 anos, estar conectado o tempo todo e ficar acessando as redes sociais pode desencadear ansiedade, insônia, obesidade, e piorar os quadros de doenças psiquiátricas.
O estudo não acusa as redes sociais como a causa da depressão. Mas podem fazer com que o indivíduo já deprimido utilize as redes sociais como tentativa de preencher um vazio, que será recompensado momentaneamente.
Algumas redes sociais, como o Tumblr e instagram, já exibem mensagens de ajuda caso o usuário pesquise por termos como suicídio, depressão, etc. E no Facebook pessoas podem denunciar uma conta, caso sejam publicados conteúdos impróprios.
Mas existe uma série de especialistas que sugerem que as plataformas mais utilizadas, tais como Facebook e Youtube, comecem a fazer checagens como aviso de que os usuários estão fazendo uso excessivo das redes sociais, e a identificação pelas redes de que o usuário tem problemas de saúde mental, pelo tipo de contudo que publica.
Ha um movimento crescente de psicólogos e psiquiatras tratando os pacientes depressivos pensando em como vão abordar o tema das redes sociais. Pois é um componente inegável de interação humana moderna, querendo a sociedade ou não.
Considerada uma doença silenciosa, a depressão é muitas vezes ignorada, e o acesso à Internet acaba preenchendo uma lacuna que pode suprir momentaneamente a falta de apoio, carinho e amor.
Mudanças de hábito, oscilação de comportamento e insônia são considerados alertas de que alguma coisa não está legal, e que sim, aquela pessoa pode estar com depressão. Mas atenção! Cabe a um médico diagnosticar, ok?
A vida moderna nos impõe um ritmo de vida onde os nossos smartphones passaram a ser a babás eletrônicas de nossos filhos, a respostas aos nossos problemas, e o nosso melhor amigo. E isso inclui um tempo enorme acessando as redes sociais, teclando no Whatapp e assistindo vídeos no Youtube.
Fazemos parte de uma sociedade forjada sobre a competitividade, o stress, e repleta de consumismo, ainda que seja apenas para olhar. E isso sem dúvida deprime as pessoas.
Não tem nenhum problema ficar deprimido, todos nós ficamos. O que não podemos é ignorar que muitos de nós precisam de ajuda e podem ter quadro depressivo intensificado pela exposição à Internet.
Se já assistiu animação, como Divertidamente, séries de TV como 13 Reasons Why, e filmes como A Garota Interrompida, vai entender que a questão da depressão continua um tabu, e merece ser debatida pela sociedade.
Cerca de 17% de jovens entre 13 e 15 anos sofreram cyberbulling através das redes sociais, e isso mostra que, em casos de pessoas diagnosticadas com depressão, isso vai massacrando a autoestima e intensificando a doença.
A ideia de ser amado, acolhido e curtido se resume em uma interação superficial, o que nos leva a uma tirania da felicidade. Afinal de contas, tudo é lindo no Instagram, amado no Facebook, e idealizado no Youtube.
Virtual é bom para encurtar distâncias, gerar empatia e informar, mas isso jamais irá substituir, a fala, o toque e o amor. Agora, imagine que você pode potencializar todas essas interações, porque tem um amigo com depressão?
Nada do que fizer terá impacto sobre o diagnóstico. Mas terá sobre a pessoa depressiva. Quando nos colocamos no lugar do outro compartilhamos aquela sensação mútua de compreensão e isso melhora a vida do outro sobremaneira.
Se tivesse que dar um conselho para alguém sobre depressão e rede sociais, diria que elas têm tudo a ver. Afinal, as interações verdadeiras nas redes sociais começam com as reais primeiro, para depois acabar nas virtuais. Ou vai dizer que sua família, amigos ou colegas de trabalho não são redes sociais?