Artigos / Juacy da Silva

31/03/17 às 08:56

EM DEFESA DA VIDA E DOS BIOMAS

Foto: Divulgação CNBB

Todos os anos a Igreja Católica, através  da CNBB  realiza a Campanha da Fraternidade,  um chamamento e um alerta a todos os cristãos e não cristãos de nosso país para alguns dos mais sérios e graves  desafios que o Brasil enfrenta.
 
Ao longo dos últimos anos diversos temas relacionados com o meio ambiente   foram objeto da Campanha da Fraternidade e novamente, em 2017 o tema escolhido foi “Fraterenidade: biomas brasileiros e a defesa da vida”. O desenvolvimento da  Campanha da Fraternidade ocorre durante a quaresma , considerado um momento importante na vida dos cristãos, pois representa  uma oportunidade para uma análise mais profunda de nossa fé em um contexto histórico definido e ao mesmo tempo um despertar para uma nova conversão.
 
A Campanha da Fraternidade está embasada nos ensinamentos da Igreja Católica, principalmente  em sua Doutrina Social e nas diversas Enciclicas  e exortações dos papas, considerados autoridades máximas da Igreja. Nesta campanha existe  um chamamento especial para a Encíclica Verde, a Laudato Si, escrita pelo Papa Francisco em 24 de maio de 2015, considerado um novo marco no pensamento ecológico da Igreja ; cabendo aos católicos e também não católicos, principalmente aquelas pessoas que abraçam a bandeira do meio ambiente e da “conversão ecológica global”, no dizer de São João Paulo II, em 2001quando abordou a questão da degradação ambiental que estamos presenciando de forma acelereda em todos os países, inclusive no Brasil.
 
O Brasil é o quinto maior  país com mundo em área, com 8,5 milhões de km2,  detendo a maior reserva de água doce do planeta, de florestas, de biodiversidade e com seis biomas, AMAZÔNICA, CAATINGA, MATA ATLANTICA, PAMPAS, CERRADO E PANTANAL, objeto da Campanha  da Fraternidade deste  anos. Em termos de população nosso país  também se destaca como o quinto país no mundo,  com 207,3 milhões de habitantes.
 
Lamentavelmente  o Brasil  tem tido sua imagem interna e internacional relacionada com a degradação ambiental, como falta de saneamento básico, a transformação de rios, córregos e o mar como grandes depósitos de lixo e esgotos sem tratamento, com um desmatamento desenfreado, com poluição urbana,  com destruição da biodiversidade, com o uso incontrolado e abusivo de pesticidas, agrotóxicos que contaminam o solo, o sub-solo e os cursos d’água, afetando negativamente a qualidade de vida da população.
 
Mato Grosso, por exemplo, é o único Estado que tem em seu território parte de tres biomas brasileiros, a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Esses  tres  biomas tem sofrido uma  degradação em decorrência do modelo de desenvolvimento, considerado predatório,  representado pela expansão  das fronteiras agrícolas que não tem poupado nem a Amazônia, nem o Cerrado e há alguns anos vem ameaçando o Pantanal. O passive ambiental que este modelo tão decantado por nossas autoridades e grandes empresários,principalmente do agronegócio, é imenso. Enqunto o lucro da exploração e destruição  desses biomas vai para a conta bancária e a opulência desses novos marajás, o ônus  pela  destruição e talvez recuperação desses  danos  vai ser debitada para as gerações futuras.
 
Além desses aspectos, cabe destacar que a urbanização acelerada do Brsil em geral e dos Estados do Centro Oeste, principalmente nas últimas tres ou quadro décadas, sem planejamento, com ocupações desordenadas e um alto índice de especulação imobiliária estão destruindo bacias hidrográficas, transformando Rios e córregos em verdadeiros esgotos a céu aberto, como acontece com o Rio Cuiabá e seus afluentes, confome constatado pelo Ministério Público em estudos recentes  que embasam o projeto “águas para o futuro”.
 
Este é o momento mais do que oportuno para que a Igreja Católica, através de suas Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e Comunidades , enfim, cristãos, outras denominações e também os não cristãos  facam uma reflexão sobre as ações públicas e privadas que devem ser tomadas com urgência, antes que nossos Biomas estejam completamente destruidos e com eles, a destruição da biodiversidade, afetando profundamente a qualidade de vida, colocando em risco a própria sobrevivência da espécio humana!
 
Oxalá nossas autoridades, nossos governantes, a maioria dos quais se dizem cristãos entendam e atendam este chamamento da Campanha da Fraternidade  e se convertam ecologicamente e possam definir políticas públicas que atendam os compromissos que o Brasil é signatário, como a Agenda 2030 da ONU, denominada de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL e o acordo do Clima de Paris, recentemente aprovado em Paris.
 
Só assim teremos certeza de que a destruição de nosos biomas e a defesa da vida será  uma realidade concreta e não apenas discursos e belas palavras para “inglês ver” ou mera letra morta em documentos oficiais.
Juacy da Silva

Juacy da Silva

Juacy da Silva, professor titular aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral.
E-mail profjuacy@yahoo.com.br
Instagram @profJuacy
WhatsApp 55 65 9 9272 0052
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