Artigos / Dr. Orlando Barreto Neto

13/03/16 às 10:10

Como ser político num cenário de descrédito?

Sociedade brasileira está vivendo um momento de decepção e indignação ante as denúncias envolvendo os partidos políticos, deputados federais e mesmo membros do poder executivo. As denúncias se sucedem e as comissões parlamentares de inquéritos são instauradas para apuração dos fatos. Também são acionados a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

 O que é muito triste é admitir que o vendaval que assola o nosso país desestabilizou nossa credibilidade, maculou grupos sociais, manchou pessoas em todos os escalões políticos e civis, pelas articulações duvidosas. Infelizmente como espectadores desse teatro político sofreremos as consequências como se protagonistas fossemos. 

 Diante das suspeitas de corrupção na gestão do patrimônio público, manifestamos nossa firme convicção de que a justiça e a ética requerem uma cuidadosa apuração dos fatos e a responsabilização, perante a lei, de eventuais corruptos e corruptores. Enquanto a moralidade pública for olhada com desprezo ou considerada um empecilho à busca do poder e do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no Brasil.

 A dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral. Quantas palavras se tornaram incômodas para este sistema! Incomoda que se fale de ética, que se fale de solidariedade mundial, de distribuição dos bens, de defender os postos de trabalho; incomoda que se fale da dignidade dos fracos, que se fale de um Deus que exige um compromisso em prol da justiça. Outras vezes acontece que estas palavras se tornam objeto duma manipulação oportunista que as desonra. A cômoda indiferença diante destas questões esvazia a nossa vida e as nossas palavras de todo o significado.

 É tempo de reconhecer com clareza que passou o momento de crer nas "grandes teorias" concebidas por brilhantes cérebros peregrinos que pensaram ter "descoberto" as leis da história. Uma teoria sem um fato é tão inútil quanto um fato sem uma teoria.

 Neste instante em que o país testemunha as trágicas consequências de uma política econômica voluntarista. Mesmo o indivíduo mais modesto "sente" que o único caminho que lhe resta é encontrar um emprego remunerado e continuar a receber um apoio que lhe dê proficiência funcional e lhe permita, com seu próprio esforço, conquistar a cidadania.

 Muitas vezes achamos difícil retroceder, quando na verdade na maioria das vezes, “retroceder" significa "sobreviver". É como termos que ir para o acostamento para não bater de frente com uma carreta e morrer. Mesmo estando certos em nossa mão de direção ir para o acostamento significa não morrer!
Dr. Orlando Barreto Neto

Dr. Orlando Barreto Neto

Orlando Barreto Neto é médico obstetra e ginecologista no Paraná (CRM-PR 32.481).
 
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