Artigos / Rafael Govari

19/02/16 às 11:19

Nosso maior problema não é a falta de chuva

Um amigo disse algo muito sábio nestes dias. Que o agricultor investe dinheiro pra comprar a melhor terra, a melhor semente, o melhor adubo, os melhores defensivos, as melhores máquinas, ou seja, a melhor tecnologia. Ele continuou dizendo que, apesar de tudo isso, se não vier a chuva, de nada adianta todos os esforços do agricultor.

Isso nós vimos neste ciclo de safra de soja. A estiagem castigou os produtores do Centro Oeste. A chuva não veio e todo o esforço dos produtores ficou seriamente comprometido. O que se via era uma impotência frente a natureza. Não havia tecnologia e nem esforço humano capaz de reverter o quadro que se criou até dezembro passado.

O relato das conversas indicava que produtores entraram em depressão. Alguns se fecharam em um quarto e teimavam em não sair de casa. Outros talvez procuraram um alívio na bebida. E muitos, muitos, começaram a olhar para o céu e fazer a única coisa que podiam até então: pedir a Deus que mandasse chuva sobre a sua lavoura.

Aprendo com isso, mais uma vez, que nós não somos nada e que não conseguimos nada sozinhos. Dependemos de Deus, porque há infinitamente muito mais circunstâncias que fogem ao nosso controle do que as que estão sob o nosso controle. Somos impotentes, mesmo com conhecimento, tecnologia e desenvolvimento.

Como a natureza do homem é pecaminosa, a tendência do homem, quando tudo vai bem, é se afastar de Deus, se achar ser um deus, capaz de prosperar com suas próprias forças. Mais interessante ainda, é que o ser humano, geralmente, lembra-se e busca a Deus nas dificuldades, como quando a chuva não vem.

A seca fez muitos olharem para o céu, lembrarem-se de Deus. Não somente os produtores, mas os comerciantes, os funcionários, os moradores de cidades como Canarana, onde tudo e todos dependem do resultado que sai do campo. Como será que Deus se sente ao ser lembrado e buscado somente na dificuldade?

Passei a virada deste ano com familiares no Rio Grande do Sul. Lá, uma tia que tem envolvimento na diretoria de uma igreja, me contou que nos anos de abundância as ofertas dos membros diminuem significativamente. Quando surge a crise, que vem para nós de tempos em tempos, o valor arrecadado aumenta. Interessante, não?

Não acredito que seja Deus que provoca as crises. Acredito que elas sejam resultado de nossos pecados. Somos nós que a provocamos. Porém, acredito também que o principal objetivo das crises, que são oriundas do pecado, não é castigar o homem, mas levá-lo a se humilhar e buscar novamente a Deus, que é misericordioso e perdoador.

O Brasil já vivia, desde o início do ano passado, uma grave crise financeira e política. E no final do ano, misturou-se a isso a seca na nossa principal atividade econômica. A chuva veio em janeiro, mas o estrago já estava feito. A situação não é boa. Haverá produtores que não conseguirão plantar novamente e comércios penam para não fechar as portas.

O que foi feito, foi feito. Ninguém pode refazer. Mas podemos sim, rever nossas atitudes, reconhecer nossa impotência, concertar a aliança e reconstruir uma nova trajetória. Teremos a certeza que não enfrentaremos a crise sozinhos e que não faltará o que comer, o que vestir e onde morar. E que Deus é infinitamente misericordioso para nos abençoar.

Concluo este artigo, dizendo que não precisamos morrer na crise, mas podemos sair mais fortes dela. Que Canarana, mais do que políticos, mais do que tecnologia, mais do que cenário econômico, precisa, acima disso tudo, de Deus. E acredito que Ele age quando encontro corações humildes e quebrantados.
Rafael Govari

Rafael Govari

Rafael Govari é jornalista, produtor rural e vereador em Canarana
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  • por ELZA, em 29/11/16 às 10:34

    Concordo com tudo isso , mais que além do temor de Deus o homem precisa entender que se nós não cuidarmos do meio ambiente, e começar a preservar as nossas nascentes e nossas matas não vamos chegar a lugar nenhum. O que adianta você não querer deixar nem uma área de preservação para em cada senti metro de sua terra plantar soja, se não chover. Um dia um plantador de soja me falou se nós não derrubar para plantar vamos comer folha, eu respondi a ele não , pois nem folha vamos ter para comer, pois se vocês continuar a derrubar tudo nem folha vamos ter que dirá soja, feijão, milho e etc, pois sem chuva nada temos. Pensa nisso é melhor plantarmos pouco , mais ter o que colher.

 
 
 
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