Artigos / Eduardo Gomes

10/02/16 às 23:06

De desagravos

Mato Grosso foi destaque nos desfiles das escolas de samba do Rio e paulistanas. Na Sapucaí, a Unidos da Tijuca ficou em segundo lugar, com 269,7 pontos, apenas um décimo atrás da vitoriosa Mangueira. Em São Paulo a Mancha Verde retornou à elite ao se sagrar campeã do Grupo de Acesso, com 269,4 pontos e batucando o enredo “Mato Grosso, uma Mancha Verde no Coração do Brasil”.

As duas escolas mostraram ao mundo o verdadeiro Mato Grosso, aquele que dá certo, que cresce, é gostoso, envolvente, hospitaleiro e está de portas abertas a brasileiros e nascidos em outros países. Mais: a Unidos da Tijuca ao cantar a pujança agrícola e Sorriso estratificou a magnitude mato-grossense.

Entendo que as mensagens nos enredos das duas escolas aconteceram no momento certo. Fora de suas divisas e fronteira Mato Grosso não poderia mais continuar com a pecha de estado em ruína moral na esfera pública, onde políticos, servidores públicos e empresários ora estão do lado de fora ora do lado de dentro dos presídios.

Em cada cabeça uma sentença. Que se leve em cana todos que a Justiça julgar que meteram a mão no erário público, mas que não se faça disso a bandeira de Mato Grosso. Da forma que as operações policiais que investigam órgãos públicos, autoridades, ex-autoridades, servidores e empresas são mostrados ao Brasil cria-se um fosso que bota investidores do lado de fora da nossa terra. Uma das regras para motivar a opção de empresários por determinada região é a segurança jurídica. Sem ela o lugar perde seus atrativos. E se não chegamos a tal ponto, estamos bem perto dele com o cheiro do estado policialesco no ar. Mais: pior é que paralelamente a esse odor, não há avanço administrativo nesta terra que aprendeu conjugar o verbo crescer. 

Brava Mancha Verde! Brava Unidos da Tijuca! Vocês foram digorestes. Lavaram a alma mato-grossense. Mostraram aos olhos do Brasil e do mundo que o berço de Rondon é maior que os homens públicos e que sobre ele não pesa nenhuma mácula, por mais que a imagem distorcida tente sufocar a divulgação dos nossos roteiros turísticos, a força do nosso agronegócio, a qualidade de vida de nossas cidades recém-criadas, o casamento perfeito do céu infinitamente azul com os raios do sol, a cumplicidade do clima que mistura temperatura com calor humano...

Pedi licença à minha condição de portelense. Torci muito pela Unidos da Tijuca, como se ela fosse uma escola nossa, aqui do Araés, ou da Varjinha, em Leverger. Não havia faixas na Sapucaí com referências a Mato Grosso e Sorriso. Isso era esperado porque nem o governo nem a prefeitura demonstraram interesse em reforçar a grande divulgação que caiu no colo do Estado e daquele município. Sambemos todos o imaginário samba dos desagravos lá fora, onde Mato Grosso teima em não mirar.
Eduardo Gomes

Eduardo Gomes

Eduardo Gomes é jornalista e escritor
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