Artigos / Dr. Orlando Barreto Neto
13/12/15 às 23:41
Zika vírus, a mais nova ameaça às gestantes!
O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em um macaco Rhesus, usado como sentinela para a febre amarela, em 1947, na floresta do mesmo nome em Uganda. Cerca de 20 anos depois, foi detectado na Nigéria.
O primeiro grande surto de febre Zika fora das áreas endêmicas ocorreu em 2007 na ilha de Yap, Micronésia. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que chegou ao Brasil em 2014, trazida provavelmente por turistas que vieram acompanhar a Copa.
Segundo a OMS - Organização mundial de Saúde, somente neste ano foram confirmados casos de Zika em nove países das Américas. Brasil, Chile - na ilha de Páscoa -, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
O comunicado da OMS reconheceu pela primeira vez oficialmente a relação entre o Zika e os casos de microcefalia ao mencionar o estudo brasileiro do Instituto Evandro Chagas - PA, que revelou a presença do vírus em um bebê microcéfalo.
"Há definitivamente uma conexão", afirmou à BBC Brasil em entrevista telefônica o especialista da organização, Dr. Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças comunicáveis da Organização Pan-Americana de Saúde.
"Há uma conexão entre as duas coisas, mas causalidade é uma outra história. Não podemos dizer 100% que é só o Zika vírus a causa da microcefalia, ela pode ser atribuída a diversas questões. Há uma conexão porque há um evidente aumento nos casos de microcefalia no Brasil ao mesmo tempo em que há um surto de Zika no país."
Mas o que é a febre Zika?
É mais uma doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Seus sintomas são semelhantes aos da dengue e da chikungunya: exantema (erupção cutânea), dor de cabeça, no corpo e nas articulações, vermelhidão nos olhos, náuseas. Causa ainda fotofobia, conjuntivite e coceira intensa. Com um período de incubação de três a 12 dias, sua evolução geralmente é branda e os sintomas duram em geral de dois a sete dias. Apenas 18% dos infectados apresentam manifestações clínicas da doença.
Quão grave é o problema?
Bem, nas Américas nove países confirmaram a circulação do vírus.
Apesar de considerar a situação alarmante, os pesquisadores ressaltam que a dimensão exata da epidemia ainda é uma incógnita: "Não sabemos ainda a real seriedade do risco", reconhecem.
"Como a doença tem sintomas suaves, muitos casos não são diagnosticados. Pode ser que tenhamos centenas de milhares de casos de Zika e o número de casos de microcefalia seja eventualmente baixo".
O que fazer?
Com base na Constituição Federal e na Lei 8080/90, as ações que se voltam à promoção, proteção e recuperação da saúde são de responsabilidade comum. ESTADO E MUNICÍPIOS estão inseridos no contexto do processo de descentralização de ações de Vigilância Sanitária. A Agevisa, que também integra o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), regulamenta, coordena e monitora as ações voltadas à proteção da saúde da população e partilha com as “Visas” municipais essa responsabilidade. Portanto cabe a eles as ações preventivas, de controle, tratamento e acompanhamento da população.
Como fazer?
De acordo com o ministro da saúde é preciso fazer um mutirão contra o inseto. "Estamos em situação de emergência nacional. Isso não ocorria desde 1917 com a gripe espanhola. A situação é bastante grave".
- Plano de conscientização da população e a eliminação dos focos do mosquito, com ações de capacitação dos servidores, mutirões de limpeza e campanhas publicitárias.
- Mobilização de todas as secretarias para o desenvolvimento de atividades que trabalhem a prevenção e a mobilização social dentro dos programas de cada uma. EX:
a) Durante as aulas de ¨ZUMBA¨, um projeto municipal que oferece atividade física gratuita, por exemplo, os servidores da secretaria de Esportes distribuiriam material de campanha e levariam informações sobre o combate aos focos do mosquito.
b) Da mesma forma durante o “Pedala Pérola”, aproveitando a grande mobilização, bem como a dinâmica do evento, seriam distribuídos folders com orientação a população local.
c) Com recursos escassos, a prefeitura faria parcerias com instituições da sociedade civil. Igrejas, colégios, fábricas, que ajudariam a divulgar a campanha.
d) O município abriria vagas para voluntários que queiram auxiliar no combate ao mosquito.
Como prevenir?
Para as gestantes é recomendado que andem de calças compridas e usem sapatos fechados ou meia, já que o mosquito tem hábitos rasteiros, picando mais pernas e pés, além das medidas de controle dos focos criadores (água parada). Outra opção recomendada pelo Ministério da Saúde é o uso de produtos repelentes de uso tópico, que podem ser aplicados diretamente na pele.
A Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária esclareceu que não há impedimento para que grávidas usem repelentes, desde que estejam registrados na própria agência reguladora e que sejam seguidas as instruções do rótulo.
É importante que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do perímetro cerebral e à idade gestacional, assim como à notificação de casos suspeitos de microcefalia no registro de nascimento no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Por ser uma fonte de contato direto com a população, os profissionais também devem reforçar o alerta sobre os cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue, e orientar as gestantes sobre as medidas individuais de proteção contra o Aedes aegypti.
O primeiro grande surto de febre Zika fora das áreas endêmicas ocorreu em 2007 na ilha de Yap, Micronésia. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que chegou ao Brasil em 2014, trazida provavelmente por turistas que vieram acompanhar a Copa.
Segundo a OMS - Organização mundial de Saúde, somente neste ano foram confirmados casos de Zika em nove países das Américas. Brasil, Chile - na ilha de Páscoa -, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
O comunicado da OMS reconheceu pela primeira vez oficialmente a relação entre o Zika e os casos de microcefalia ao mencionar o estudo brasileiro do Instituto Evandro Chagas - PA, que revelou a presença do vírus em um bebê microcéfalo.
"Há definitivamente uma conexão", afirmou à BBC Brasil em entrevista telefônica o especialista da organização, Dr. Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças comunicáveis da Organização Pan-Americana de Saúde.
"Há uma conexão entre as duas coisas, mas causalidade é uma outra história. Não podemos dizer 100% que é só o Zika vírus a causa da microcefalia, ela pode ser atribuída a diversas questões. Há uma conexão porque há um evidente aumento nos casos de microcefalia no Brasil ao mesmo tempo em que há um surto de Zika no país."
Mas o que é a febre Zika?
É mais uma doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Seus sintomas são semelhantes aos da dengue e da chikungunya: exantema (erupção cutânea), dor de cabeça, no corpo e nas articulações, vermelhidão nos olhos, náuseas. Causa ainda fotofobia, conjuntivite e coceira intensa. Com um período de incubação de três a 12 dias, sua evolução geralmente é branda e os sintomas duram em geral de dois a sete dias. Apenas 18% dos infectados apresentam manifestações clínicas da doença.
Quão grave é o problema?
Bem, nas Américas nove países confirmaram a circulação do vírus.
Apesar de considerar a situação alarmante, os pesquisadores ressaltam que a dimensão exata da epidemia ainda é uma incógnita: "Não sabemos ainda a real seriedade do risco", reconhecem.
"Como a doença tem sintomas suaves, muitos casos não são diagnosticados. Pode ser que tenhamos centenas de milhares de casos de Zika e o número de casos de microcefalia seja eventualmente baixo".
O que fazer?
Com base na Constituição Federal e na Lei 8080/90, as ações que se voltam à promoção, proteção e recuperação da saúde são de responsabilidade comum. ESTADO E MUNICÍPIOS estão inseridos no contexto do processo de descentralização de ações de Vigilância Sanitária. A Agevisa, que também integra o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), regulamenta, coordena e monitora as ações voltadas à proteção da saúde da população e partilha com as “Visas” municipais essa responsabilidade. Portanto cabe a eles as ações preventivas, de controle, tratamento e acompanhamento da população.
Como fazer?
De acordo com o ministro da saúde é preciso fazer um mutirão contra o inseto. "Estamos em situação de emergência nacional. Isso não ocorria desde 1917 com a gripe espanhola. A situação é bastante grave".
- Plano de conscientização da população e a eliminação dos focos do mosquito, com ações de capacitação dos servidores, mutirões de limpeza e campanhas publicitárias.
- Mobilização de todas as secretarias para o desenvolvimento de atividades que trabalhem a prevenção e a mobilização social dentro dos programas de cada uma. EX:
a) Durante as aulas de ¨ZUMBA¨, um projeto municipal que oferece atividade física gratuita, por exemplo, os servidores da secretaria de Esportes distribuiriam material de campanha e levariam informações sobre o combate aos focos do mosquito.
b) Da mesma forma durante o “Pedala Pérola”, aproveitando a grande mobilização, bem como a dinâmica do evento, seriam distribuídos folders com orientação a população local.
c) Com recursos escassos, a prefeitura faria parcerias com instituições da sociedade civil. Igrejas, colégios, fábricas, que ajudariam a divulgar a campanha.
d) O município abriria vagas para voluntários que queiram auxiliar no combate ao mosquito.
Como prevenir?
Para as gestantes é recomendado que andem de calças compridas e usem sapatos fechados ou meia, já que o mosquito tem hábitos rasteiros, picando mais pernas e pés, além das medidas de controle dos focos criadores (água parada). Outra opção recomendada pelo Ministério da Saúde é o uso de produtos repelentes de uso tópico, que podem ser aplicados diretamente na pele.
A Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária esclareceu que não há impedimento para que grávidas usem repelentes, desde que estejam registrados na própria agência reguladora e que sejam seguidas as instruções do rótulo.
É importante que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do perímetro cerebral e à idade gestacional, assim como à notificação de casos suspeitos de microcefalia no registro de nascimento no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Por ser uma fonte de contato direto com a população, os profissionais também devem reforçar o alerta sobre os cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue, e orientar as gestantes sobre as medidas individuais de proteção contra o Aedes aegypti.
Orlando Barreto Neto é médico obstetra e ginecologista no Paraná (CRM-PR 32.481).comentar Nenhum comentário
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