Artigos / Dr. Orlando Barreto Neto

19/11/15 às 11:04

Aedes aegypti – O vilão da microcefalia!

Microcefalia é uma condição neurológica rara em que a cabeça da pessoa é significativamente menor do que a de outros da mesma idade e sexo. É diagnosticada no começo da vida e é resultado do cérebro não crescer o suficiente durante a gestação ou após o nascimento.

Crianças com microcefalia têm problemas de desenvolvimento. Não há cura para a microcefalia, mas tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e qualidade de vida. A microcefalia pode ser causada por uma série de problemas genéticos e/ou ambientais.

Os casos de microcefalia registrados já chegam a 400 recém-nascidos neste ano. Os números foram anunciados pelo Ministério da Saúde, que confirmou a presença do vírus zika, a partir de exames feitos por laboratório do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no líquido amniótico de duas — reforçando a hipótese de correlação entre as duas doenças.

A situação é tão preocupante que uma equipe de especialistas vai avaliar a situação. O Ministério da Saúde já comunicou à Organização Mundial da Saúde e à Organização Pan-Americana de Saúde.

Na semana passada, o Ministério decretou estado de emergência em saúde pública devido à notificação de 141 casos em Pernambuco — agora, já são 268. O aumento expressivo ocorreu apenas na região Nordeste, mas o resto do país já está seguindo o procedimento elaborado pelo ministério e deve notificar as ocorrências por meio de formulário especial, disponível on-line em todas as secretarias de Saúde estaduais e municipais.

Um dos primeiros médicos a fazer uma conexão entre zika e o aumento de casos de microcefalia, o professor da Universidade Federal de Pernambuco Carlos Brito disse estar "extremamente preocupado" com o resultado positivo para zika dos exames nos dois fetos da Paraíba.

O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, voltou a sugerir que mulheres discutam com seus familiares e com profissionais de saúde antes de engravidar e, em alguns casos, adiem os planos. "Nosso papel é oferecer informações para que pessoas tomem suas decisões. Hoje podemos afirmar que há uma relação muito importante do vírus da zika e o aumento de casos de microcefalia. Mas não podemos quantificar o risco de que isso possa acontecer. Esse é um conhecimento novo."

Para Cesar Fernandes, presidente eleito da Febrasgo (federação dos ginecologistas e obstetras), as mulheres que vivem nas regiões endêmicas para zika devem adotar "uma anticoncepção efetiva".

O ginecologista Thomas Gollop, especialista em medina fetal, compartilha a mesma opinião. "O bom senso recomenda prevenir a gravidez. Todo cuidado é pouco. Do contrário, colocaremos gestantes e fetos em risco". "O princípio da precaução deve ser adotado. Na dúvida, é melhor ser cauteloso e proteger a paciente", diz.
Dr. Orlando Barreto Neto

Dr. Orlando Barreto Neto

Orlando Barreto Neto é médico obstetra e ginecologista no Paraná (CRM-PR 32.481).
 
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